Por meio de estratégias simples, como a certificação dos siris moles provenientes da pesca responsável, a Bahia Pesca, vinculada à Secretaria de Agricultura (Seagri), em parceria com o Grupo Integrado de Aqüicultura e Estudos Ambientais (GIA), desenvolve um programa de pesquisas para o manejo e gerenciamento do crustáceo.

O trabalho vem sendo realizado no laboratório da Fazenda Experimental Oruabo, mantido pela Bahia Pesca, localizado em Santo Amaro, a 75 quilômetros de Salvador, no Recôncavo.

O objetivo é agregar valor ao produto sem que haja um desequilíbrio ambiental no seu habitar natural, o manguezal.

Pesquisadores realizam estudos com o objetivo de verificar se as técnicas usadas para a obtenção de siris moles, desenvolvidas para espécies exploradas em outras partes do mundo, podem também ser aplicadas com o mesmo sucesso para as espécies nativas.

Sustentabilidade

O presidente da Bahia Pesca, Aderbal de Castro, afirma que o projeto busca a sustentabilidade das espécies de siris, com a manutenção dos estoques naturais e todo o ciclo de desenvolvimento do animal necessário para consumo.

“O suporte à produção de siris, além de proteger os manguezais da Bahia, fomenta o desenvolvimento da maricultura no estado em maior escala, associando o cultivo responsável às comunidades pesqueiras”, destaca Castro.

A idéia do programa de pesquisas do siri nasce a partir do projeto de repovoamento e comercialização do caranguejo-uçá (Puçá), trabalho iniciado em 2007 e pioneiro na Bahia.

Diante da inviabilidade da produção de caranguejo-uçá para comercialização em curto espaço de tempo, de aproximadamente sete anos do crescimento ao comércio, foi preciso buscar novas fontes de produção equiparadas.

Cultivo

Na Bahia, o extrativismo de siris com fins comerciais envolve uma série de espécies, entre elas, o siri de mangue (Callinectes exasperatus), o siri de coroa (C. danae), o siri azul (C. sapidus), o siri nema (C. bocourti), o siri caxangá (C. larvatus) e o siri bóia (Portunus spinimamus).

Em países como México e Estados Unidos, técnicas são utilizadas para a manutenção de animais adultos, provenientes da pesca, em confinamento até que realizem a troca de carapaça (ecdise), quando são abatidos.

Esta metodologia tem por objetivo produzir e comercializar o chamado "siri mole", um produto de alto valor agregado e excelente aceitação, tanto no mercado interno quanto internacionalmente.

Resultados promissores estão sendo alcançados com as pesquisas realizadas na Fazenda Oruabo. Os pesquisadores já conseguem identificar, com grande precisão, os siris de mangue e de coroa que estão prestes a realizar a muda, por meio de simples observação macroscópica. Em breve, essa tecnologia poderá ser repassada para as comunidades tradicionais.