Surfar na areia parece estranho, mas para Cléber Araújo, Wendel de Jesus (Pulga) e Jailson Bispo (Jai) – moradores do bairro de Nova Brasília e praticantes do sandboard (surf na areia) – é adrenalina, emoção e muita consciência ecológica.

Com a prancha nos pés, eles se divertem, treinam para campeonatos e ajudam a preservar o ambiente através do projeto Amigo das Dunas, criado por Cléber e outros moradores do local, praticantes do esporte, para conscientizar a comunidade sobre a importância da preservação do Parque do Abaeté.

Eles treinam três vezes por semana nas dunas da extinta Lagoa de Dois Dois, cerca de 1,5 quilômetro da Lagoa do Abaeté. Nos dias de treino, recolhem o lixo acumulado, aliando a prática do esporte à preservação ambiental.

Nascido e criado em Nova Brasília, Cléber destaca a importância da preservação da área. “Com o esporte, procuramos conscientizar a comunidade para cuidar bem do local. Se perdermos as dunas, perdemos o sandboard. Esta foi uma forma que achamos de preservação do local, para que ele não tenha o mesmo destino da antiga Lagoa de Dois Dois”, disse.

Durante os treinos, chegar ao topo da duna não é fácil. O percurso é cansativo e exige preparo físico. “O segredo é subir na ponta do pé a trilha de areal”, explicou Cléber. Algumas dunas chegam a ter 150 metros de altura. No meio da subida, algumas paradas, para catar o lixo encontrado. Balde, garrafas pet, sacos plásticos e sacos de cimento são comuns no local.

Cléber, 28 anos, treina na área há 14 anos e é campeão nordestino de 2005 e tricampeão baiano de sandboard. Pulga, 15 anos, e Jai, 16 anos, são alunos dele e ajudam a divulgar o esporte, incentivando outras crianças de Nova Brasília a praticar o sandboard. Em época de competição, as provas são realizadas no local conhecido como Duna do Hawaizinho, na Avenida Dorival Caymmi, em Itapuã.

Sem prejuízo

Para a coordenadora do Parque do Abaeté, Georgina Boa Morte, a prática do esporte não traz prejuízo para o meio ambiente. Pelo contrário, ajuda na preservação do local. “A consciência ecológica deles com as dunas é muito grande. Até porque sem elas não tem como praticar o esporte. É muito interessante o trabalho que eles desenvolvem junto à comunidade”, contou.

O gestor da Área de Preservação Ambiental (APA), Franklin Mollinari, explicou que existem vários tipos de duna e o local onde o sandboard é praticado fica distante da área da lagoa. “Não há vegetação nessa região, somente areia”, afirmou.