Inaugurado em 5 de março de 1979, o Hospital Geral Roberto Santos (HGRS) realizará durante todo o ano atividades para comemorar seu 30° aniversário. A primeira delas foi o lançamento nesta sexta-feira (20) do Manual de Urgências e Emergências Cardiovasculares, que será uma referência na prática do atendimento a doenças cardiovasculares.

“O manual contém recomendações atualizadas e adequadas à realidade das unidades públicas de saúde. São procedimentos simples que podem ser usados em hospitais de pequeno porte, e mesmo em postos de saúde, com bons resultados e a baixo custo”, explica Júlio Braga, especialista em Cardiologia e um dos coordenadores da publicação.

Braga explica ainda que as doenças cardiovasculares são a principal causa de mortalidade no Brasil, mas que isso acontece até mesmo por conta dos avanços da medicina que têm prolongado a expectativa de vida. “Os problemas cardiovasculares, ligados em geral ao envelhecimento, em algum momento se tornam inevitáveis”, observa.

Mas a agenda de comemorações do aniversário do Roberto Santos não para por aí. Paulo Barbosa, diretor do hospital, diz que para o dia 30 de março está previsto um seminário que tem a dengue como foco. Ele destaca ainda que o Roberto Santos vai se tornar referência no tratamento da doença entre crianças.

“As crianças são os pacientes mais vulneráveis quando o assunto é dengue, por isso já estamos em processo de ampliação da rede de terapia intensiva infantil de 7 para 16 unidades, além de dobramos de 5 para 10 as semi-intensivas e abrirmos mais 10 leitos na enfermaria pediátrica” destaca Barbosa.

Presente ao lançamento do Manual, o secretário de Saúde, Jorge Solla destacou a importância do HGRS. “É o maior hospital público do estado, realiza procedimentos cirúrgicos de alta complexidade e forma especialistas. Por tudo isso, desde 2007 começamos a renovar seus recursos tecnológicos e humanos, aumentando o número de profissionais e renovando os equipamentos, como no foi no centro cirúrgico” disse.

Solla disse ainda que está em andamento outras melhorias como a construção do prédio anexo onde passará a funcionar a seção de anatomia patológica, o setor administrativo e o serviço de verificação de óbitos, o que vai permitir ampliar os serviços. Ainda por conta da situação da dengue na capital, ele destacou a criação do posto de atendimento que está sendo montado logo na entrada do hospital e que passa funcionar já na semana que vem.

O Hospital Geral Roberto Santos presta em média mil atendimentos ambulatoriais e 350 atendimentos emergenciais em dias úteis. É referência em cirurgias bucomaxilofacial e vasculares, clínica médica em neurocirurgia e nefrologia e conta com quase 2.600 funcionários. O prédio do Roberto Santos abriga ainda há quase o mesmo tempo, 29 anos, o Centro de Informações Antiveneno referencia no tratamento de intoxicações no Estado.

Funcionário antes mesmo da inauguração

Alguns funcionários do Hospital Geral Roberto Santos trabalham na instituição antes mesmo de sua inauguração. Este é o caso de Irineu Silva do Vale, 50 anos. Ele começou a trabalhar no hospital como vigia ainda durante a construção. “Vim de Teresina para a Bahia tentar a sorte no futebol, mas não deu certo, aí comecei a trabalhar na construtora que fazia o prédio”.

Seu Irineu conta que depois foi contratado pelo próprio governador Roberto Santos. “Eu tinha orientação, por parte dos engenheiros, que ninguém entrasse em certas dependências do prédio. O governador veio aqui com sua comitiva fazer uma visita antes da inauguração. Como eu não sabia, não permiti que ele entrasse, gerou uma confusão, mas depois o governador disse que eu estava contratado para continuar sendo vigia do prédio, agora como funcionário do Estado”, diz.

Hoje, Irineu não é mais vigia, é coordenador de apoio de serviços gerais, cuidando de áreas como recepção, transporte e segurança. Ele conta que embora inaugurado, ainda faltava concluir parte das obras, mas em virtude dos problemas enfrentados no atendimento no Curuzu (decorrentes de uma tempestade aquele ano) muitos pacientes tenham corrido já para lá.

O coordenador diz que o hospital é para ele uma casa e os funcionários uma segunda família e lamenta que não existam no próprio hospital registros de sua própria história. “Se quiser saber mais tem que buscar nos jornais que existiam na época”, diz.