Publicada às 12h30
Atualizada às 15h50

As obras da Ferrovia da Integração Oeste-Leste serão iniciadas em novembro deste ano, logo após a liberação da licença ambiental, prevista para os próximos 70 dias. Foi o que garantiu o presidente da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A, empresa vinculada ao Ministério dos Transportes e responsável pela obra, José Francisco das Neves, durante a primeira consulta pública sobre a ferrovia, nesta segunda-feira (8), em Barreiras, a 862 quilômetros de Salvador. A segunda consulta está prevista para Ilhéus, Litoral Sul do estado, a 437 quilômetros de Salvador.

O traçado da ferrovia Oeste-Leste foi apresentado pela empresa, que demonstrou a otimização no escoamento da produção. O trajeto da estrada de ferro é resultado de uma discussão com toda a equipe de governo e fruto da observação de elementos importantes, como reservas indígenas, rampas, entre outros detalhes técnicos e ambientais. Neves explicou que o cronograma está sendo cumprido e já foi entregue o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA).

De acordo com o presidente da Valec, a ferrovia contribuirá para o escoamento da produção de minério de ferro, grãos e farelos, álcool, açúcar e algodão, biocombustível e derivados de petróleo. O destaque é para o agronegócio do Oeste baiano e as jazidas minerais da área de Caetité, no Sudoeste. A implantação da estrada de ferro dará impacto significativo no desenvolvimento econômico da Bahia.

Segundo o governador Jaques Wagner, entre as vantagens previstas com a construção da Oeste-Leste para a Bahia estão a redução de custos do transporte de insumos e produtos diversos, o aumento da competitividade dos produtos do agronegócio e a possibilidade de implantação de novos pólos agroindustriais e de exploração de minérios, aproveitando sua conexão com a malha ferroviária nacional. “Com esta ferrovia teremos vários benefícios. O aumento da segurança e a redução dos gastos em manutenção de rodovias, são exemplos. A interligação Oeste-Leste vai facilitar o transporte da soja, que será levada para os portos com mais rapidez e segurança”, disse o governador.

Oportunidade para os pequenos produtores

O agricultor Pedro Alves acredita que com a ferrovia os pequenos produtores terão a oportunidade de escoar com mais facilidade os seus produtos. “Os custos serão barateados e podemos até sonhar com a possibilidade de exportar”, afirmou.

Além do escoamento de toda a produção agrícola regional, a implantação da ferrovia deve gerar cerca de 30 mil empregos diretos, de acordo com dados do Ministério dos Transportes. “Estamos vendo esta ferrovia com bons olhos, porque é mais emprego e renda para Barreiras e para os demais municípios”, acredita a líder comunitária Solange Cunha.

Com investimento previsto de cerca de R$ 6 bilhões pelo Governo Federal, a estrada de ferro Oeste-Leste (EF 334) terá 1,5 mil quilômetros, de Ilhéus, no Sul da Bahia, a Figueirópolis, em Tocantins. Na Bahia, ela atravessará 32 municípios, distribuídos por 1,1 mil quilômetros. No território baiano, a maior parte do trecho passará pelo município de São Desidério, maior produtor de algodão e de grãos do Brasil.

A previsão é que a conclusão do primeiro trecho, Ilhéus (Sul) a Caetité (Sudoeste baiano), aconteça em julho de 2011; do segundo, de Caetité a Correntina/Barreiras (Oeste baiano), em julho de 2012; e do terceiro, de Correntina/Barreiras a Figueirópolis (TO), em dezembro de 2012.

Ferrovia, Porto Sul e Aeroporto de Ilhéus

O sistema intermodal de transportes, junto com o Porto Sul e o novo aeroporto internacional de Ilhéus, também faz parte das vantagens que a Ferrovia Oeste-Leste trará diretamente para o Oeste, Sudoeste e Sul da Bahia.

O Governo do Estado está fazendo gestões junto ao Governo Federal para que as obras da ferrovia, do Porto Sul e do aeroporto internacional de Ilhéus andem de forma simultânea. O objetivo é que no momento em que a ferrovia estiver iniciando, o porto também esteja integrado dentro desta lógica, não só multimodal, mas também de cronogramas.

A integração entre os dois modais (porto e ferrovia) gera uma estimativa de exportação de cargas de 40 milhões de toneladas anuais, a partir do aumento das atividades de mineração no estado, montante que pode aumentar com o decorrer do tempo. Atualmente, os três portos baianos (Salvador, Aratu e Ilhéus) estão com um volume de cargas exportadas de cerca de 10 milhões de toneladas anuais.

Entre outras negociações do Governo do Estado para fortalecer o desenvolvimento regional estão a ampliação de voos das companhias Trip e Azul para o interior e a utilização do Porto Sul como alternativa de escoamento da produção de biodiesel do norte de Minas Gerais.

No rastro da ferrovia, o Oeste terá mais uma universidade federal e está em construção a BR 135, que corta Barreiras no eixo Norte-Sul e liga a divisa Bahia/Minas Gerais até a divisa com o Piauí.

Outro benefício da ferrovia será o aumento da segurança e a redução dos gastos em manutenção de rodovias. Os excessos de cargas das carretas que descem com a soja do Oeste do Estado para os portos, por exemplo, passarão a ser levados de trem.