O samba contagiou a multidão presente na 4ª Caminhada do Samba, neste domingo (29), em Salvador. A celebração ao samba da Bahia reuniu mais de 100 mil pessoas e contou com a participação dos maiores blocos de samba da Bahia: Alvorada, Amor e Paixão, Alerta Geral, Vem Sambar, Proibido Proibir, Reduto do Samba, Samba Popular, Que Felicidade.

A caminhada fez o mesmo percurso do Circuito Osmar (Campo Grande), do carnaval de Salvador. Divididos em cinco trios, os blocos desfilaram pela avenida, sem cordas, tocando clássicos de grandes sambistas baianos como Batatinha, Riachão, Ederaldo Gentil e sambas de todas as épocas, todos cantados em coro pelo público, que não parou de dançar um só minuto.

O trio do Bloco Alvorada – primeiro bloco de samba a sair no carnaval – foi também o primeiro a desfilar na festa que comemorou o Dia Nacional do Samba (2 de dezembro). Às 15 horas, o grupo Samba de Cozinha saiu pela avenida, acompanhado de Gal do Beco, Valdinho e Aloísio Menezes.

Em cima do trio elétrico, Marli Santana, de 72 anos, cantava todas as músicas do repertório. “Eu nasci ouvindo samba, queria estar lá embaixo, dançando com o pessoal, mas minha filha não deixa, então eu me divirto aqui sentada mesmo”, explica dona Marli.

Logo atrás do Alvorada, o trio dos blocos Amor e Paixão e Vem Sambar sacudiu a multidão com o grupo Movimento e participação de Juliana Ribeiro e Nelson Rufino. “Essa é a nossa maior raiz, Salvador sempre foi uma cidade de muita mistura. Por causa disso, durante um tempo o axé ofuscou o samba baiano; com a criação do Alerta Geral, em 1995, resgatamos a força, porque o samba é genuinamente baiano”, explica Rufino.

O secretário de Turismo da Bahia, Domingos Leonelli, participou do desfile e ficou impressionado com o grande público. “Esse evento surpreende todo ano! O samba nasceu na Bahia, termos mais de 100 mil pessoas aqui, brincando com essa alegria contagiante é uma prova disso. Quem não está aqui não imagina a força desse ritmo”, ressalta Leonelli.

Apesar de ser aberto ao público, a caminhada organizada pela União das Entidades de Samba da Bahia (Unesamba) vendeu camisas em troca de 2 kg de alimentos, que serão doados para instituições de caridade.

De acordo com o presidente da Unesamba, Fernando Rufino, um evento de samba nessas proporções só pode ser realizado com o esforço de um grande grupo de pessoas. “Sozinho ninguém pode, agradeço muito a todos os representantes dos blocos, os músicos, os órgãos públicos que nos ajudaram e o povo, que dá muita força para construirmos essa caminhada”.

Fernando explica, também, que o objetivo do grupo é valorizar as “pratas da casa”, colocando sempre em prioridade as bandas e os sambistas baianos. “Além de mobilizar os grupos, queremos valorizar a produção local”, ressalta o presidente.

Sem hora para acabar, os primeiros trios terminaram o percurso depois das 20 horas. No fim do circuito, muita gente aguardava os outros trios, para sambar até a madrugada.

Ainda nesta semana, a Unesamba realiza o Seminário Samba Nosso de Cada Dia, que acontece na próxima terça-feira (1º), às 14 horas, no Centro Cultural da Câmara de Vereadores de Salvador. O seminário é aberto ao público e deve reunir sambistas, produtores culturais, empresários e universitários para discutir como valorizar e organizar o samba baiano.

As fotos do evento estão disponíveis em: www.flickr.com/turismobahia.