Entrou em operação, nesta sexta-feira (4), no município de Itagibá, a maior mina de níquel na América Latina, terceira maior do mundo a céu aberto, descoberta nos últimos dez anos. A Mirabela Nikel tem como previsão produzir 4,6 milhões de toneladas de minério por ano, 150 mil toneladas de níquel concentrado, podendo chegar a 208 mil, aumentando em 30% a produção brasileira do minério.

Metade da produção anual de concentrado será exportada para a Finlândia, pelo porto de Ilhéus, e a outra metade servirá às unidades da Votorantin, em Minas e Ceará, que se responsabilizará pela logística de retirada e envio do produto. Foram investidos US$ 450 milhões na unidade produtora que vai explorar o minério no município de Itagibá, a 204 km de Salvador.

Segundo o diretor geral do Departamento Nacional de Produção Mineral, Miguel Nery, com o pleno funcionamento da mineradora, a Bahia passa a ser o terceiro em arrecadação de Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), um dos royalties pagos pela empresa. Apenas do CFEM serão R$ 20 milhões por ano, passando o estado de Goiás, atualmente o terceiro maior.

O diretor técnico da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Rafael Avena, explica que a Bahia lucra com a operação da mina, por meio de arrecadação de ICMS, com estimativa de R$ 60 milhões anuais, e com o CFEM, do qual 2% vão para a União, 23% para a Bahia e 65% para o município de Itagiba, onde a mineradora está localizada.

Companhia Baiana de Pesquisa Mineral vai se tornar autossuficiente

Por ser uma área da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral, a Mirabela vai repassar 2,51% de royalties da receita sobre o concentrado. Com isso, a CBPM se torna autossuficiente em investimentos a partir de 2010.

Os resultados mais evidentes dos benefícios da empresa estão na geração de emprego e renda. Somente na mineradora, foram criados dois mil empregos diretos e indiretos. “Antes da Mirabela, era muito difícil encontrar emprego na minha área de operador. Fiquei trabalhando durante oito anos em um supermercado da região e quando surgiu a oportunidade tentei e fui selecionado. Aqui, tenho perspectiva de futuro, disse o operador de planta, Sirlei Lopes, 28 anos. Para ele, é uma oportunidade de crescer profissionalmente. “A política da empresa é que possamos rodar toda planta, fazer de tudo, conhecer todos os setores”.

Além disso, outras empresas estão sendo atraídas para a região depois da implantação da Mirabela, transformando a economia local, que compreende os municípios de Itagibá, Ipiaú, Ubatã, Gongoji, Jitaúna, Barra do Rocha e Ibirataia. São esperados novos hotéis, restaurantes, bares e um incremento nas atividades sócio-culturais nestas cidades.

“O investimento todo que foi feito ao longo desses cinco anos com a construção da indústria, compra de equipamentos, mão-de-obra na construção civil, tudo isso gerou muito emprego e divisa para a região”, frisou o governador Jaques Wagner. Segundo ele, a empresa é gerador de ICMS, de ISS para os municípios, de royalties, portanto, é um motivo de alegria e de desenvolvimento econômico do estado.

Pesquisa geológica do níquel na região começou em 1988

Com uma extensão de dois quilômetros e uma profundidade aproximada de 500 metros, a mina tinha uma vida útil prevista para 20 anos, mas, com novas pesquisas, poderá chegar a 40 anos. As pesquisas geológicas foram iniciadas pela CBPM em 1988, definindo sua geologia, caracterizando as mineralizações de níquel e delineando a potencialidade econômica de seu aproveitamento.

De acordo com Avena, os dados técnicos da pesquisa serviram de base para atrair empresas privadas a participarem da concorrência pública, que selecionou a Mirabela Mineração para realizar investimentos de risco em trabalhos de pesquisa, necessários à comprovação das reservas e à definição da viabilidade técnica, econômica e ambiental do projeto.

O empreendimento da Mirabela compreende mina a céu aberto e usina de concentração – britagem, moagem, flotação, espessamento e filtragem. Segundo o secretário de Indústria e Comércio e Mineração, James Correa, o complexo da Mirabela representará um acréscimo de 30% na produção nacional de níquel, alçando a Bahia à posição de segundo maior produtor do país, já em 2010, representando uma receita bruta anual de vendas da ordem de R$ 640 milhões.