No final do mês de novembro, o primeiro parque eólico da Bahia, instalado na cidade de Brotas de Macaúbas, na Chapada Diamantina, vai entrar em operação. A estrutura principal já está montada e resta apenas a conclusão da subestação, que vai levar a energia produzida à rede de distribuição nacional, para que os aerogeradores comecem a funcionar.

Cada um dos 57 cata-ventos gigantes que formam o parque tem 80 metros de altura. Eles vão aproveitar a força dos ventos e produzir eletricidade suficiente para abastecer uma cidade maior que Vitória da Conquista.

No local onde está instalado o parque, no alto da Serra da Mangabeira, o vento tem velocidade média de 25 quilômetros por hora. O engenheiro responsável pela obra, Eduardo Bottacin, afirmou que para começar a produzir energia elétrica o aerogerador precisa de vento a partir de 11 quilômetros por hora. “O potencial de geração aqui é de 90 megawatts. Esta é uma das melhores áreas do estado, porque tem potencial suficiente para produção de energia”.

Com a entrada em operação do seu primeiro parque eólico, o estado se prepara para instalar outros 51. No país, a Bahia lidera o número de projetos neste setor. A previsão é que 18 novos empreendimentos entrem em operação até o final de 2012 e formem o principal polo eólico do Brasil.

Além dos parques, o estado começa a receber fábricas de torres e aerogeradores. A Gamesa, empresa espanhola especializada na construção de turbinas geradoras, já inaugurou uma unidade em Camaçari, e a francesa Alston inaugura outra até o final deste ano.

Responsável pela relação entre os empresários e o governo estadual, o secretário da Indústria, Comércio e Mineração, James Correia, disse que a instalação de uma fábrica dessa é uma decisão meramente empresarial. Segundo ele, as empresas estão se instalando aqui porque a Bahia tem o maior potencial para esse tipo de energia hoje no Brasil e tem atuado para apoiar as iniciativas.

Aumento da oferta de energia no estado

Os novos projetos vão aumentar a oferta de energia elétrica na Bahia, garantindo fornecimento suficiente para o crescimento econômico. Além disso, a energia eólica é considerada uma das mais limpas – não gera impacto, como inundações, fumaça ou resíduos.

Para o biólogo Márcio Zanotto, o principal impasse durante a instalação é a construção da estrada até o local. Durante a operação, o risco é o choque de aves migratórias com a parte móvel dos aerogeradores. “Vamos monitorar durante os primeiros anos, e, caso aconteça, existem soluções viáveis para evitar esse choque”.

Equipamento chama a atenção de quem passa pela BR-242

A estrutura do primeiro parque eólico da Bahia é grandiosa. As torres têm a altura equivalente a 18 andares e quando giram as pás do cata-vento chegam a quase 30, equivalente a 120 metros de altura. Elas podem ser vistas a uma distância de 90 quilômetros por quem passa pela BR-242, na altura de Brotas de Macaúbas.

Para quem mora nas comunidades próximas ao parque, além da admiração, a chegada das torres trouxe os ventos da oportunidade. Os projetos geram muitos empregos durante a fase de construção e 600 operários da região foram contratados.

Hélio Oliveira, encarregado de obras, mora a 15 minutos do canteiro, no distrito de Sumidouro. Para trabalhar ali, ele desistiu dos planos de procurar emprego em São Paulo, empreitada que já repetiu três vezes, desde os 17 anos. Hoje, aos 34, acredita que tomou a melhor decisão. “Sou encarregado e estou usando o dinheiro para construir minha casa e ficar de vez em Sumidouro com minha mulher e o filho que estamos esperando”.