Batucada e pessoas dançando por todas as partes. O clima pode até parecer de festa, mas a causa que levou gente de todas as idades neste domingo (20) para as ruas do bairro da Liberdade era muito séria: o combate ao racismo, a xenofobia e a qualquer tipo de preconceito. A 11ª Caminhada em Comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra foi promovida pelo Fórum de Entidades Negras.

A saída da caminhada, que também homenageou Zumbi dos Palmares, ocorreu no Curuzu, com concentração na Senzala do Barro Preto do Ilê Aiyê e seguiu até o Pelourinho. "Este é um trabalho de militância do Movimento Negro, comemorar a imortalidade de Zumbi dos Palmares. Ele representa a nossa militância contra o racismo", afirmou o coordenador do Fórum e organizador do evento, Walmir França.

Desde 1995, Zumbi faz parte do panteão de Heróis da Pátria. Símbolo de resistência negra, ele foi morto em 1695 em uma emboscada. O presidente do Ilê Aiyê, Vovô do Ilê, analisa que houve avanços no combate ao racismo, mas ainda é preciso trabalhar muito para conscientizar a sociedade. "Uma terra de maioria negra, como Brasil, ainda há muito preconceito, muita desigualdade. Então, esse tipo de manifestação é muito importante. Fazemos isso todos os dias, assumindo a negritude. Mas, é importante ter uma data que marque esta luta", ressaltou.

A estudante Itana Sara Bispo, 20 anos, conta que desde criança acompanha a caminhada e afirma que a sua luta contra o racismo é diária. "É importante o povo negro ter esta consciência, nos ajuda a evoluir como pessoa", afirmou.

Além dos moradores da Liberdade, os Filhos de Santo saíram do Engenho Velho da Federação e foram até ao Dique do Tororó protestar contra a intolerância religiosa. Para combater este e qualquer outro tipo de preconceito, o Governo da Bahia tem desenvolvido ações que visam à promoção da igualdade no estado.

O secretário de Promoção da Igualdade Racial, Elias Sampaio, destacou alguns dos avanços estaduais. "As políticas de promoção da igualdade estão focadas na igualdade racial e temos um conjunto de ações e projetos em andamento, sendo que dois deles são estruturantes. A primeira é a municipalização de políticas e a criação da rede de combate ao racismo e de intolerância religiosa".

Outros bairros de Salvador também fizeram caminhadas no Dia Nacional de Consciência Negra, como Pirajá, Campo Grande e Sussuarana.