Realizado pela Polícia Civil da Bahia, um estudo revela que dos 199 homicídios com motivação já identificada, ocorridos em Salvador no primeiro trimestre deste ano, 137 tiveram como autores e boa parte das vítimas pessoas envolvidas com o tráfico de drogas, representando 69% dos casos.

Elaborado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), com base em inquéritos instaurados em suas delegacias, o estudo confirma a estreita relação entre tráfico e assassinato, crimes cujo combate e prevenção vêm sendo intensificados por meio de operações conjuntas do DHPP e do Departamento de Narcóticos (Denarc).

A estatística sobre a motivação de homicídios em Salvador foi apresentada pelo diretor do DHPP, delegado Jorge Figueiredo, na mais recente reunião do Comitê Executivo do Programa Pacto pela Vida. Iniciativa do governo, o programa concentra esforços das secretarias estaduais e outras instituições públicas, visando à interação com a sociedade civil, a fim de reduzir os índices de violência na Bahia.

O estudo revela que ocorreram nos três primeiros meses deste ano, em Salvador, 451 crimes violentos letais intencionais, 252 dos quais sem motivação preliminar (56%). Sessenta e dois desses homicídios tiveram motivos diversos, como passionalidade, violência doméstica, rixa, cobrança de dívida (agiotagem), briga de trânsito, entre outros, correspondendo a 31% dos casos.

A Região Integrada de Segurança Pública/Baía de Todos-os-Santos (RISP/BTS) concentrou no primeiro trimestre deste ano a maioria dos casos de homicídios decorrentes do tráfico de drogas em Salvador (72,5% das 203 ocorrências naquela região), sendo o subúrbio de Paripe a área de maior incidência.

Na RISP/Central aconteceram, no mesmo período, 68,8% dos crimes violentos letais intencionais relacionados ao tráfico, havendo naquela região 135 casos – grande parte no bairro de Tancredo Neves.

A RISP/Atlântico foi a região de menor incidência de assassinatos motivados pelo tráfico de drogas, entre janeiro e março deste ano, com 44,4% dos 82 homicídios ali registrados. Itapuã aparece no estudo do DHPP como a área mais crítica daquela Região Integrada de Segurança Pública.

Para Jorge Figueiredo, as conclusões do estudo sobre a motivação de homicídios em Salvador reforçam a importância da adoção de ações conjuntas entre o DHPP e o Denarc, cujas sedes ficam no mesmo prédio, à Rua das Hortênsias, 247, Pituba. “Diante da constatação de que 69% dos assassinatos na capital estão ligados ao tráfico de drogas, as investigações passam a ter como foco principal a relação entre esses dois tipos de crime”, afirmou o diretor do DHPP.

Criação de núcleos regionais

Com o objetivo de obter um controle maior no combate ao tráfico de drogas e, consequentemente, reduzir a incidência de crimes violentos letais intencionais, a Polícia Civil criou quatro núcleos regionais de combate ao narcotráfico (NRCNs), destinados a otimizar as ações da Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE) na capital e região metropolitana, expandindo de forma direcionada sua área de atuação.

Os NRCNs funcionam na sede da DTE, no Complexo dos Barris, e são responsáveis pelas RISPs Central, Atlântico, Baía de Todos-os-Santos (BTS) e RMS. Cada núcleo conta com um efetivo composto por um delegado, um escrivão e dois investigadores, além de outros dois delegados que dão suporte às investigações.

Estatística do Denarc indica que no primeiro semestre deste ano 244 pessoas foram autuadas por tráfico de drogas em Salvador e RMS. Houve também na capital a apreensão de 9,29 quilos de crack, 9,71 quilos de cocaína, 22 comprimidos de ecstasy e 90,28 quilos de maconha.