Chelsea Lima é funcionária pública no estado do Pará e há dez anos não vinha à Bahia. Ela estava visitando a Praça Municipal na tarde de hoje (15) enquanto, no Palácio do Rio Branco, o governador Jaques Wagner e a ministra do Turismo, Marta Suplicy, assinavam convênios que vão destinar R$ 16 milhões para a restauração de seis imóveis no Centro Histórico de Salvador. “Esses prédios representam muita coisa para o estado e para o país, acho que faltou conservação nesses dez anos que passei sem vir aqui”, comentou Chelsea.

Os imóveis beneficiados pelos convênios são o Palácio do Rio Branco, o Oratório da Cruz do Pascoal, a Casa das Sete Mortes, as igrejas do Rosário dos Pretos e do Boqueirão, além da igreja e cemitério do Pilar.

O turista holandês Jacobus Straathof trouxe a mulher e os três filhos para conhecer a Bahia e elogiou a iniciativa de se recuperar o Centro Histórico. “É importante preservar as diferentes regiões do Brasil. A Bahia é ímpar, muito diferente do Rio de Janeiro, São Paulo e Foz do Iguaçu”, observou. Para ele, investimentos dessa natureza resultam em retorno certo com a atração de mais turistas e a geração de emprego e renda.

É o caso, por exemplo, dos vendedores ambulantes Anderson Santos da Cruz, 29 anos, pai de quatro filhos, e Ricardo Santana, 26 anos, também pai de duas crianças. Ambos sustentam a família com o dinheiro que ganham na venda de souvenir e comemoram a realização das obras. “Se o turista gosta do que vê, ele volta e isso é bom para nós”, observou Anderson.

Ricardo disse que somente na Associação dos Vendedores Ambulantes da Praça Municipal estão cadastrados 15 trabalhadores, mas lembrou que em todo o Centro Histórico muito mais pessoas sobrevivem da atividade. “Acho que os prédios e monumentos são os que mais precisam de recuperação. Isso alegra e atrai o turista, garantindo nossa sobrevivência”, relacionou.

Investimento

A ministra Marta Suplicy disse que os R$ 16 milhões, oriundos do Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (Prodetur), são apenas parte das necessidades de investimento na área. “Ainda é pouco, precisamos começar a aplicar em outros monumentos de diversos municípios, porque o turismo é feito de muitos nichos e um dos mais importantes é justamente essa arquitetura histórica bem conservada”, apontou.

Para Marta, os turistas são atraídos por sítios religiosos e por fatores como a gastronomia, a música, a beleza natural das praias, entre outros aspectos. “A Bahia tem tudo isso, agora precisamos preservar os monumentos e alocar recursos em qualificação para gerar emprego e renda”, declarou.

Nesse sentido, o governador Jaques Wagner elogiou o trabalho do Ministério do Turismo. “O governo federal desburocratizou a contrapartida que alguns estados teriam dificuldades de oferecer para obter os empréstimos do Banco Mundial, incluindo isso no orçamento do próprio ministério. Isso era tudo que nós, governadores do Nordeste, queríamos”, afirmou.

Wagner lembrou que há mais de um ano não era assinado nenhum novo convênio relativo ao Prodetur e disse que em 2008 deve haver novas assinaturas. “A Bahia é um destino privilegiado no turismo mundial e, com a ajuda do governo federal, poderemos oferecer melhores condições para os visitantes”, afirmou.

Prodetur

O Prodetur tem como finalidade melhorar a qualidade de vida da população permanente dos pólos turísticos. Objetiva realizar melhorias na infra-estrutura turística, bem como qualificar a mão-de-obra do setor. O Programa é financiado pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB), com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Dentre as principais ações do programa estão a construção de terminais aeroportuários, a recuperação de patrimônio artístico, histórico e cultural de áreas de interesse turístico, a implantação, ampliação e melhoria dos serviços de saneamento básico e da infra-estrutura urbana.

No período 2001-2007, foram investidos na Bahia, por meio do programa, mais de US$ 9,8 milhões. Até 2009, ainda estão previstos recursos na ordem de US$ 13 milhões, totalizando US$ 22.8 milhões.