O baixo sul se destaca pela exuberância ambiental, extensa faixa litorânea, condições climáticas favoráveis ao turismo e à agricultura, que inclui cultivos exóticos como o cravo-da-índia e a pupunha. Como promover o desenvolvimento dessas atividades e a melhoria da qualidade de vida da população, de maneira sustentada, foi o desafio abordado ontem (12), em Valença, por representantes da sociedade civil, lideranças políticas locais e os secretários estaduais Ronald Lobato (Planejamento), Afonso Florence (Desenvolvimento Urbano) e Edmon Lucas (Desenvolvimento e Integração Regional).
O encontro no baixo sul foi o primeiro de uma série que será realizada visando à elaboração dos Planos de Desenvolvimento Sustentável dos 26 territórios de identidade do estado. Como resultado, espera-se a configuração de propostas de ações articuladas que condicionem o incremento das economias locais e a melhoria da qualidade de vida das populações.
O foco da iniciativa, segundo o secretário Ronald Lobato, é o combate às desigualdades sócio-territoriais a partir da articulação do macro-empreendimento com os pequenos e médios empreendimentos, a agricultura familiar e a economia solidária.
Em janeiro, o grupo de trabalho transetorial, criado para viabilizar a proposta, fará a primeira reunião do território do Velho Chico, seguido dos territórios do Litoral Sul, Chapada Diamantina e Sisal. Os quatro integram os Territórios da Cidadania, instituídos pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), devido aos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), para implementação de ações integradas no âmbito do governo federal.
Na opinião do presidente da Associação dos Municípios do Baixo Sul (Amubs), José Raimundo dos Santos, que é prefeito de Camamu, a metodologia do Governo do Estado é apropriada por co-responsabilizar a sociedade na definição dos rumos dos territórios.
No baixo sul, além da necessidade de investimentos nas áreas de educação e saúde, foram discutidas as possibilidades de adoção de programas voltados para a preservação do meio ambiente, conscientização sobre a pesca predatória, dotação de infra-estrutura e fomento ao pequeno empreendimento. Na opinião do secretário Afonso Florence, os planos de desenvolvimento urbano podem contribuir para a solução de vários problemas. “Trata-se de uma concepção nova de rede de cidades, que consiste na identificação de prioridades, arranjos produtivos, para formação de consórcios públicos e a gestão integrada de problemas comuns a grupos de municípios”, explicou.

Resgate

Membro da Articulação do Território do Baixo Sul, Andrezito Souza alerta para a necessidade de considerar as propostas formuladas ao longo dos anos pela sociedade civil no momento da elaboração do plano. “Discutimos e concluímos propostas consistentes para as áreas de educação, turismo e para criação de uma central de beneficiamento de frutas, envolvendo todos os municípios do território. Não podemos abandonar tudo agora”, ponderou.
A necessidade de promoção da inclusão de raça e de gênero no plano foi lembrada pela representante dos Produtores Rurais de Tancredo Neves, Eliane Santana, segundo a qual o território precisa de investimentos na área de infra-estrutura para dar suporte à agricultura familiar.
Já o presidente da Associação dos Produtores Rurais e vice-prefeito de Taperoá, Lourival Vieira, reivindicou ações de fomento à produção de piaçava, guaraná e cravo-da-índia, especiaria exótica trazida para o Brasil pelos chineses no século XVI e que é cultivada na Bahia entre poucas outras regiões.