Conduzido pela leveza da atriz Débora Almeida, o monólogo Sete Ventos mobilizou um público extasiado com um espetáculo que mergulha fundo na exposição da alma da mulher negra, sob a inspiração do mito de Iansã.

Pauta do Cabaré da Raça do Teatro Vila Velha, sábado e domingo, a promoção da Secretaria de Promoção da Igualdade (Sepromi) celebrou o 25 de Julho, Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha. Uma escolha feliz, considerando a identificação da platéia com as personagens, todas construídas a partir de falas reais.

Autora e diretora da obra, Débora interagiu com o público encenando, cantando e dançando, trazendo à cena personagens femininas, pesquisadas e entrevistadas por ela mesma. Por meio de seus relatos, Bárbara, uma escritora negra, filha de Iansã, expôs suas dúvidas e o seu processo de crescimento, baseado em uma educação que sempre privilegiou como referência a sua ancestralidade negra.

A encenação mostrou a realidade do negro brasileiro, que tenta reconstruir sua trajetória e sua identidade cercado pelas contradições do cotidiano. “É uma peça sobre mulheres, escrita por uma mulher, a partir de várias outras" resumiu Débora, que encerrou as apresentações ‘batendo um papo’ com a platéia.

“Nossa perspectiva foi realizar uma programação centrada em temas que apontam para o fortalecimento da autonomia das mulheres na sociedade e Sete Ventos condensa vários sentimentos, possibilidades, emoções e projeções delas”, afirmou a secretária de Promoção da Igualdade, Luiza Bairros.

Para trazer o espetáculo a Bahia, a Sepromi, por intermédio de sua Superintendência de Políticas para Mulheres (SPM), contou com a parceria da Bahiatursa, Defensoria Pública do Estado, Centro de Estudos Afro-Orientais da Ufba (Ceafro), Teatro Vila Velha e a co-responsabilidade dos órgãos colegiados, os conselhos de Defesa dos Direitos da Mulher (CDDM) e de Desenvolvimento da Comunidade Negra (CDCN).

Dia da Mulher Negra

O 25 de Julho foi instituído como marco internacional da luta e resistência da mulher negra em 1992, durante o I Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, em Santo Domingo, República Dominicana. Na Bahia, a data vem ganhando maior relevância, a cada ano, com programações voltadas para a reflexão sobre o contexto político, econômico e social da mulher negra na contemporaneidade.

As ações são desenvolvidas pela sociedade civil e pelo Governo do Estado, através da SPM da Sepromi. A celebração do Dia da Mulher Negra responde ao Eixo 09 do Plano Estadual de Políticas para as Mulheres – Enfrentamento ao racismo, ao sexismo e à lesbofobia.

Desse modo, contribui com a formação, o empoderamento e o fortalecimento das mulheres para a eliminação de todas as formas de preconceito, prezando pela conquista de uma sociedade com igualdade racial e de gênero. Assim, as atividades visam à consolidação do 25 de Julho como uma data de referência histórica e política para a população baiana e, em especial, para as mulheres.