A Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) inaugurou, na manhã desta quinta-feira (30), a “Residência Indígena” que vai abrigar, inicialmente, 20 estudantes de tribos de municípios baianos. A solenidade contou com a presença de autoridades, professores, funcionários, estudantes, membros de comunidades indígenas e familiares dos estudantes.

Conforme declarações de Socorro Apako, da tribo Tuxá, do município de Rodelas-BA, mãe de duas graduandas dos cursos de Enfermagem e Odontologia, os indígenas nutrem o desejo de ter filhos com formação em nível superior, inclusive para resgatar a dignidade e ajudar a desenvolver essas populações com o retorno que os futuros graduados poderão proporcionar.

No entanto, assegura, as dificuldades interferem nos sonhos e, mesmo tendo acesso ao ensino superior, a permanência na universidade sofre ações adversas, como a incompreensão dos demais grupos quanto aos costumes e rituais indígenas, o que leva, não raro, ao abandono do curso.

A implantação da Residência Indígena no campus da Uefs “é uma preocupação a menos para os familiares desses estudantes que estarão, na maior parte do curso, a mais de 500 quilômetros de distância”, afirmou Socorro Apako. “Ficaremos mais tranquilos sabendo que os nossos meninos e meninas estarão seguros durante os estudos e também nos momentos em que poderão praticar os nossos rituais e costumes em locais reservados”, completou.

Inserção social
O vice-reitor da Universidade, Washington Almeida Moura, ressaltou que a administração da Uefs adotou uma postura proativa e diferenciada diante das especificidades culturais desse grupo de estudantes. “Não basta apenas oferecer vagas como prevê as políticas de cotas da Universidade. É fundamental estabelecer uma política de ações afirmativas que, para além das cotas, envolva as condições de permanência para que estes alunos possam concluir seus cursos”, destacou.

Moura revelou que, por meio de parcerias com entidades como a Funai, há previsão de ampliação de 20 para 90 o número de bolsas auxílio para os estudantes indígenas. Informou ainda, que já foi aprovada emenda parlamentar que garante recursos para ampliação da atual residência de 20 para 50 vagas.

A Funai foi representada na inauguração da Residência pelo agente Carlos Roberto Santos que reconheceu a preocupação da Uefs para a inserção social de grupos como os indígenas.

Maísa Flores, representante da Secretaria de Relações Institucionais da Bahia, em pronunciamento, disse que o empenho da Uefs resgata parte da dívida que o país tem para com as diversas comunidades exploradas e excluídas.

Estiveram presentes à solenidade o reitor José Carlos Barreto de Santana, a coordenadora da Unidade de Organização e Desenvolvimento Comunitário da Uefs, Consuelo Penelu, a coordenadora de Educação Indígena da Bahia, Rosilene Tuxá, a representante da Associação Comunitária Ação e Parceria do Bairro Feira 10, Maria Araújo, a representante do setor de Educação da Funai, Maria do Rosário Cruz, o comandante do 1º Batalhão da Polícia Militar da Bahia, tenente coronel Martinho Nunes, e a representante dos movimentos da comunidade negra de Feira de Santana, Ivanide Santa Bárbara.