O pedreiro Carlos Nascimento, 47 anos, de sorriso largo, lembra das idas e vindas com o carrinho de mão no terreno que foi um dia canteiro de obras e hoje abriga o primeiro hospital público de urgência e emergência entregue na Região Metropolitana de Salvador (RMS).

O sentimento transborda quando o operário fala de sua participação na obra que vai beneficiar toda a comunidade do subúrbio. O morador de Periperi acompanhou de perto, nesta sexta-feira (10), a apresentação do Hospital do Subúrbio (HS) à comunidade de Salvador. “Para eu, que ajudei durante um ano e três meses a levantar essa estrutura, é uma sensação maravilhosa. É até difícil dizer o que estou sentindo. Estou orgulhoso de ter contribuído com cada tijolo, coluna e força de trabalho”, afirmou Carlos.

Na ocasião, foram mostrados pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) os setores e serviços do hospital e apresentados alguns dos profissionais que vão compor a equipe que trabalhará na unidade. A inauguração será na segunda-feira (13), às 9h30, e na terça-feira, a partir das 7h, começa o atendimento à população.

A visita ao HS contou com a presença do secretário da Saúde, Jorge Solla, que falou sobre o sistema de gestão do hospital. “Além de ser uma Parceria Público-Privada (PPP), a unidade vai trabalhar com o que tem de mais atualizado, incorporando classificação de risco, procedimento que visa melhorar a qualidade dos serviços”, afirmou Solla, que classificou o hospital como o mais novo HGE, “só que mais amplo, com mais serviços, tecnologia atualizada e com capacidade superior de atendimento”.

O HS vai disponibilizar atendimento aos casos de urgência e emergência clínica, cirúrgica e traumato-ortopédica adulto e pediátrica. Serão 268 leitos de internação (quando estiver operando com a capacidade total), distribuídos nas especialidades de clínica médica, clínica pediátrica, cirurgia geral adulto e pediátrica, traumato-ortopedia adulto e pediátrica, unidade semi-intensiva e UTI adulto e pediátrica.

Segundo Jorge Oliveira, diretor da Prodal Saúde, empresa que vai administrar o hospital, o atendimento integral, com capacidade plena, vai acontecer em 180 dias após o início das atividades. “No primeiro momento, vamos operar com 50% dos leitos e com 90 dias chegaremos a 80%. A unidade é completa. Temos um parque tecnológico de diagnóstico por imagem, incluindo dois tomógrafos, ultrassom, ecocardiograma, ressonância magnética e equipamento hemodinâmico”.

Modelo de assistência

“Vamos iniciar a operação realizando o acolhimento a todos os pacientes, que é uma forma de escutar as suas necessidades com o intuito de orientar e determinar uma ação. Esse encaminhamento é uma classificação do risco, ou seja, a gravidade com que o paciente se apresenta. O paciente crítico, com maior gravidade, terá o acesso imediato à assistência, onde todos os recursos serão designados para o atendimento, seja médico, de enfermagem ou aparato tecnológico”, explicou a diretora do Hospital do Subúrbio, Lícia Cavalcanti.

Os demais pacientes serão classificados por vulnerabilidade do caso. Com esse estudo será possível encaminhá-los a procedimentos mais simples. O direcionamento será feito pelo hospital, por meio do serviço social, enfermagem e, muitas vezes, inclusive, transportando-os à rede básica.

Para a diretora, a unidade, de média e alta complexidade, está em contato permanente com toda a rede do subúrbio. “Não é um atendimento por ordem de chegada. É por risco e por necessidade que o paciente apresente, de acordo com seu estágio de doença”.

Formado por um corpo de enfermagem, serviço social e fisioterapia de mais de 400 pessoas e com 145 profissionais do corpo médico, o Hospital do Subúrbio vai gerar 1.660 empregos diretos.

Estrutura

O HS contará ainda com endoscopia, laboratório, central de material esterilizado, lavanderia, farmácia centralizada, serviço de engenharia clínica, serviços de fisioterapia, nutrição, dietética, farmácia e apoio logístico. Terá também um heliporto, que facilitará o deslocamento de pacientes de outras regiões para a unidade.

Serão atendidos cerca de um milhão de habitantes de todo o subúrbio, além da população de bairros como Valéria, Cajazeiras, Castelo Branco e Pau da Lima, e de municípios da RMS. No primeiro trimestre, 50% da demanda do hospital será atendida. Serão destinados 32 leitos de enfermaria para as crianças. Dos 30 leitos de terapia intensiva, 20 são para adultos e dez para pediatria. O HS contará ainda com o Programa de Internação Domiciliar, com capacidade inicial para atendimento a 30 pacientes.

Publicada às 10h30
Atualizada às 13h50