Conhecido mundialmente pela diversidade de manifestações culturais e pelas ladeiras que abrigam casarões multicoloridos, o Pelourinho se mantém firme e forte quando o assunto é entretenimento. Além dos museus e das igrejas, os visitantes podem ter acesso a shows, espetáculos de dança e teatro, exposições de artes visuais e cinema, que são realizados nos largos, praças e pátios do bairro mais famoso do Centro Antigo de Salvador (CAS). A programação (boa parte gratuita) atende aos mais variados gostos, perfis sociais e faixas etárias.

Segundo a diretora de Ações Culturais do Pelourinho Cultural, programa gerido pela Secretaria Estadual de Cultura (Secult), por meio do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), Ivanna Soutto, são realizados, em média, 80 eventos mensais no Pelô. “Queríamos dinamizar esse espaço, que é tombado. Por isso, alguns eventos seguem critérios de alinhamento com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O programa também visa à democratização do acesso para que grupos da comunidade e os músicos independentes da Bahia se integrem às atividades”, afirmou a diretora.

A expectativa dos gestores do programa é que, ao final de quatro anos (2007-2010), tenham sido realizados mais de três mil eventos no local. “É mais de uma apresentação por dia em um único bairro. Registramos eventos com 1.500 pessoas. Temos uma programação já elaborada para o verão”, explicou Ivanna.

A garantia de que os eventos se estenderão com regularidade até a estação mais quente do ano foi dada pelo edital Tô no Pelô, que, em sua segunda edição, selecionou 29 projetos e viabilizou recursos de R$ 2,4 milhões (valor igual ao da edição anterior).

Programação diversificada

“Temos uma programação diversificada. Na música, por exemplo, são vários gêneros. Neste momento, temos Mariene de Castro com um projeto belíssimo (às sextas-feiras), Juliana Ribeiro, Bitgabott, que é pop do Candeal (aos domingos), Orlando Costa com um projeto de percussão, Armandinho trazendo nomes nacionais, Lui Muritiba recebendo Danilo Caymmi (6 de novembro)”, destacou a diretora.

O Festival Bigband é outro bom exemplo da variedade musical oferecida no CAS. Entre os dias 20 e 24, o Largo Pedro Arcanjo foi palco exclusivo do rock. Oportunidade para bandas da Bahia, Pernambuco e Distrito Federal trocarem experiências, comercializarem CDs e acessórios voltados aos simpatizantes do estilo musical.

Para o organizador do festival, Rogério Brito, a participação popular atendeu às expectativas. “Este é o terceiro ano do festival aqui no Pelourinho. Foram 12 bandas, no total. Nossa ideia é fomentar a música e os artistas novos. Por isso não foi cobrada a entrada. A gente vê o resultado quando o público compra o CD da banda nova que se apresentou. Tivemos a casa cheia mesmo no primeiro dia, quando o Pelourinho estava cheio, com várias outras atividades”.

Desde o dia 4 deste mês, nas segundas-feiras, também no Largo Pedro Arcanjo, sempre às 18h, está sendo realizado, gratuitamente, o projeto Curta Dança às 6 no Pelô. A movimentação chamou a atenção da turista Sílvia Rovai, de Santos (SP). Com outras duas amigas, ela assistiu ao espetáculo Odete, Traga Meus Mortos, na segunda-feira (25). “Estou encantada com Salvador e com o Pelourinho, em primeiro lugar. É maravilhoso esse bairro. Nesse espaço é tudo cultura. Um grupo de universitários estar fazendo isso é maravilhoso também. São mais pessoas se envolvendo”, disse Sílvia.

Na próxima segunda-feira (1º), será a vez do espetáculo Bênção, da Bamberg Cia. de Dança, no Largo Pedro Arcanjo. Em cena, oito dançarinos prestam uma homenagem ao centenário do samba e à música Samba da Bênção, de Vinícius de Moraes.

Conhecimento dinâmico da história

Para quem gosta de conhecer a história de uma forma mais dinâmica, os museus e exposições são uma boa opção no CAS. Em um dos salões do Palácio Rio Branco, o Memorial dos Governadores reúne relíquias, objetos pessoais e documentos dos chefes de Estado da Bahia, desde sua fundação. No local, também pode ser conferida a exposição Centro Antigo de Salvador – A História do Brasil Vive Aqui. Equipamentos modernos e interativos exibem em painéis as informações, localização exata e as imagens dos principais prédios do CAS. Para se ter uma ideia do conforto e da comodidade, um guia acompanha os visitantes pelo ambiente climatizado.

Aos 80 anos e apoiando-se em uma bengala por um problema no joelho, a dona-de-casa Inês Ednéia Brasiliano Lemos decidiu acompanhar a filha na visita ao recém-restaurado Palácio Rio Branco. Ela reviu os locais que frequentou na juventude e ficou encantada com a utilização da tecnologia para o resgate histórico. “Tem muita coisa da cidade pra você saber da história, principalmente pra quem é novo. Está tudo muito lindo”.

O roteiro de museus é extenso. Talvez, o apreciador desse tipo de programa não consiga conferir todas as exposições em apenas um dia. Na Rua Gregório de Mattos, a dica é a Galeria Solar Ferrão, que reúne imagens, vídeos e esculturas que retratam as culturas tradicionais da Bahia. Há poucos metros dali, na Rua Frei Vicente, o Museu da Cerâmica expõe centenas de esculturas que contam um pouco da africanidade presente no dia-a-dia dos baianos.

Para visitar o maior número possível de espaços, o funcionário público e estudante de História, Roberto Menezes, e família chegam cedo ao Pelô. Munido de uma câmera fotográfica, ele clica o que considera mais importante, sempre respeitando o aviso de não utilizar o flash. “Diante das opções que temos, o Pelourinho ainda é uma atração muito importante, com mostras tanto da cultura africana quanto da própria história da Bahia. É uma opção muito boa no domingo e durante a semana também”, ressaltou Roberto.

A turista carioca Thaís Alves Barreiros aproveitou os dias de folga e, atraída pelo som dos tambores, sinetas e pandeiros, se empolgou com a apresentação dos Caretas do Acupe. “Estou adorando. É cultura viva. Ainda bem que existem lugares que ainda mantêm sua tradição. Fiquei mais feliz ainda porque pude ver um evento tipicamente regional. Isso aqui é mágico”, informou Thaís.

Policiamento dia e noite

Para garantir a tranquilidade dos milhares de turistas que visitam o CAS todos os meses, 452 policiais militares trabalham num esquema de revezamento dia e noite. “Aqui no 18º Batalhão, temos policiamento a pé até as seis da manhã. Também temos policiais em 12 viaturas e quatro motociclistas diuturnamente. Nosso batalhão está preparado para dar tranquilidade a todos que circulam nessa área. Não temos registros de homicídio”, destacou o coronel José Jorge Nascimento, responsável pelo policiamento no Pelourinho.