O Colégio Estadual Casa Jovem II é campeão do “Destaque Brasil”, concedido pelo Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar – Ano Base 2009. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (8), no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

O primeiro lugar coroa o sucesso de um sistema de gestão democrático que compreende, especialmente, a importância da participação da família e da integração entre escola e comunidade no processo de escolarização. Situado na zona rural do município de Igrapiúna (a 322 quilômetros de Salvador), o Casa Jovem II abre, todos os dias, as suas portas para cerca de 700 estudantes. A unidade oferece, em regime de educação em tempo integral, ensino fundamental e curso técnico profissionalizante em Agroecologia integrado ao ensino médio, além de Educação de Jovens e Adultos (EJA) à noite.

Parceria da família 
Segundo o vice-diretor, Ademário Reis, “não é raro encontrarmos os pais dos estudantes do ensino fundamental e médio, também como estudantes nas salas de aula da EJA”. O vice-diretor ratifica que “a família é sempre a nossa maior parceira, inclusive, 40% da alimentação escolar é proveniente da agricultura familiar”.

Para o diretor do colégio, Francisco Nascimento, os resultados apresentados estão intimamente relacionados à presença da família e da comunidade na escola. “Nossos índices de violência e depredação do patrimônio público são zero. Todos zelam pela escola e entendem o seu valor", revela o diretor. Ele afirma que estudantes, pais, professores e representantes da comunidade local participam ativamente do planejamento e da execução dos projetos educacionais que envolvem o esporte, a cultura, a música, a agricultura e a ecologia.

Francisco Nascimento destaca a criação do I Conselho Comunitário do Campo como uma iniciativa que afirma o valor dessa participação. “Com o Conselho, nós conseguimos monitorar tanto o desempenho dos estudantes na escola, quanto a sua convivência familiar e comunitária”.

Aulas Práticas 
E a convivência está bem melhor na casa de Vanessa Caroba dos Santos, de 17 anos, estudante do 2º ano do curso técnico de Agroecologia. A família da adolescente cultiva pupunheira, cujo fruto, a pupunha, pode ser consumido cozido com sal, na forma de farinha ou óleo e também serve de matéria-prima para fabricar geléias.

“É tipo uma palmeira”, explica Vanessa. “Agora, com o curso, eu levo informações para casa. Sei como cuidar para a plantação ficar melhor e maior”, acrescenta a adolescente.

A pupunha, entretanto, fica um pouco de lado quando Vanessa vai a campo. Durante as aulas práticas na horta do colégio, é o cultivo da alface que lhe desperta mais paixão. “Ela cresce rápido e é bem delicada. Tem que ter todo o cuidado do mundo com as folhas, que são muito sensíveis”, ensina Vanessa.

Na horta, além da alface, os estudantes cuidam da plantação de repolho, couve e brócolis, que são utilizados na alimentação escolar e, ainda cultivam, ervas medicinais como hortelã-japonesa, cravo-da-índia e capim santo.

O vice-diretor Ademário Reis ressalta que “eles passaram a trabalhar na agricultura familiar de forma consciente e racional, desprezando as práticas negativas e futuramente poderão ter nas ervas uma fonte de renda”.

Também estudante de Agroecologia, Darlan dos Santos Souza, 19 anos, é firme ao dizer que “hoje, a realidade da região é o aprendizado técnico na área de agricultura”. Segundo ele, que pretende trabalhar nas fazendas com cacau e seringueira, “esta é a melhor forma de crescer na vida. Eu não preciso sair daqui, não preciso do êxodo rural, vou continuar na minha casa, com a minha família”, justifica Darlan.

Já o interesse de Ônias Leite Coutinho Neto, de 15 anos, estudante da 7ª série, está voltado para a música. Ele integra a banda de percussão “Enlatadolata” e ensaia no colégio sempre às quartas-feiras no turno da tarde. “Nossos instrumentos são latas e bombonas que a gente pega nas empresas. Tocamos principalmente samba”, diz Ônias. O estudante já se apresentou em Valença e não vê a hora de tocar em Salvador. “Será em Breve”, anuncia.

O Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar é uma iniciativa conjunta do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e Fundação Roberto Marinho. Além disso, tem o apoio da Embaixada dos Estados Unidos da América, do movimento "Todos Pela Educação", Movimento Brasil Competitivo (MBC), Grupo Gol, Gerdau e Instituto Razão Social.