Este ano, o município de Cabaceiras do Paraguaçu tem motivo em dobro para comemorar o dia 14 de março. A data, além de marcar os 164 anos de nascimento do poeta Castro Alves, festeja os 40 anos de inauguração do museu biográfico Parque Histórico Castro Alves (PHCA). Situado na Fazenda Cabaceiras, antiga moradia do poeta, o local esteve fechado durante o mês de fevereiro para reformas.

O Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), por intermédio da Diretoria de Museus (Dimus), promoveu uma reforma na estrutura física do museu e também o restauro e higienização de parte do acervo, composto por mais de 380 objetos que pertenceram ao poeta e seus familiares.

O museu reabre com uma nova concepção expográfica assinada pelo arquiteto André Vainer. Com a requalificação do parque histórico, o público terá um local totalmente revitalizado e adequado para conhecer, pesquisar e mergulhar no universo do porta-voz literário da Abolição da Escravidão no Brasil.

Segundo o diretor da Dimus, Daniel Rangel, o museu continua a preservar a memória de Castro Alves, mas passa a dar mais destaque a obra literária do poeta dos escravos. “O Parque Histórico comemora os 40 anos de criação com uma nova exposição, que conecta o poeta e seu tempo com a contemporaneidade. Manuscritos, livros, indumentárias e adornos pessoais estão agora reunidos com vozes e imagens que revelam o legado poético deixado por Castro Alves”, enfatiza Rangel.

Nas quatro salas que compõem o museu, o público poderá imergir de forma lúdica na vida e obra do poeta baiano. Uma das salas abriga objetos pessoais como fotografias, cartões-postais, manuscritos, livros e indumentárias. Em outro ambiente, redes e almofadões convidam o visitante a relaxar e ouvir poesias. Uma sala com telão está reservada para a exibição de vídeo-animações de 15 minutos produzidos a partir de poemas do mestre do romantismo brasileiro.

No local, o visitante também terá acesso a computadores e links específicos para pesquisar sobre poesia e a vida de Castro Alves. Em um quarto espaço, cartazes, folders e livretos estarão disponíveis com dados e curiosidades sobre o poeta. Para a museóloga Alba Boente, coordenadora do parque, esse novo momento do museu é muito especial. “Vamos dar seguimento e visibilidade ao trabalho de excelência que realizamos aqui. Tenho certeza que o parque vai continuar atraindo e encantando seus visitantes, agora com uma ambientação ainda mais adequada”.

Concurso
Dando início à programação comemorativa, no dia 12 deste mês, acontece o X Festival de Declamação de Poemas de Antônio de Castro Alves. A partir das 13h, o público poderá conferir o concurso, que premiará os cinco primeiros colocados. Os inscritos serão analisados por um júri composto por diretores de teatro, atores, poetas e profissionais da área de literatura, que levará em consideração critérios de interpretação, originalidade, criatividade e a fidelidade ao texto declamado. O festival é uma oportunidade de levar ao público os consagrados poemas do famoso trovador baiano. As inscrições podem ser feitas até o dia 10 pelo telefone (75) 3681-1102.

A festa
No dia 14 deste mês, às 5h, acontece a alvorada, seguida de missa em homenagem ao poeta e solenidade de abertura de uma feira cultural. A Banda Didá fará uma apresentação itinerante pelo Parque Histórico e, logo após, o museu será reaberto. Às 11h, os ganhadores do festival fazem apresentação. A Fundação Pedro Calmon, parceira no evento, promoverá, às 15h30, um recital de poesias, com Marcos Peralta, além do lançamento do livreto ‘Adeus meu canto’. O grupo musical Chita Fina encerra programação às 16h.

O poeta
Antônio de Castro Alves nasceu na Bahia no dia 14 de março de 1847, na Fazenda Cabaceiras, comarca de Muritiba, a 42 quilômetros da Vila de Nossa Senhora da Conceição de ‘Curralinho’, hoje município de Castro Alves. Famoso pelas fortes críticas à escravidão, ele fez parte da Terceira Geração da Poesia Romântica (Social ou Condoreira), caracterizada pelos ideais abolicionistas e republicanos, sendo considerada a maior expressão da época. Entre suas obras estão Espumas Flutuantes, Gonzaga ou A Revolução de Minas, Cachoeira de Paulo Afonso, Vozes D’África, O Navio Negreiro.

Em 1862 Castro Alves ingressou na Faculdade de Direito de Recife, após ter feito o curso primário no Ginásio Baiano. É dessa época a composição dos primeiros poemas abolicionistas – Os Escravos e A Cachoeira de Paulo Afonso. Em 1867, retorna para a Bahia e segue, no mesmo ano, para o Rio de Janeiro, com incentivos promissores de José de Alencar, Francisco Otaviano e Machado de Assis. Depois, em São Paulo, conviveu com intelectuais e escritores como Rui Barbosa, Joaquim Nabuco, Rodrigues Alves, Afonso Pena e Bias Fortes.

Neste período, viveu seus dias de maior glória. Em 11 de novembro de 1868, caçando nos arredores de São Paulo, feriu o calcanhar esquerdo com um tiro de espingarda, o que resultou na amputação do pé. Em seguida, contraiu tuberculose, obrigando-o a voltar à Bahia, onde morreu, em 1871.

O parque
Museu Biográfico localizado a 160 quilômetros da cidade de Salvador, o PHCA foi inaugurado em março de 1971, por ocasião do primeiro centenário da morte de Castro Alves. Dispõe de um auditório aberto com capacidade para 200 pessoas, uma biblioteca especializada em poesia, uma escola de 1° e 2° graus, uma fonte, um caramanchão e um acervo com mais de 380 objetos que pertenceram ao poeta e seus familiares.