Aproximadamente cinco mil agricultores familiares, representando mais de 350 sindicatos, realizaram, nesta quarta-feira (27), manifestação e caminhada no Centro Administrativo da Bahia (CAB). O ato do Movimento Grito da Terra Bahia, organizado pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado da Bahia (Fetag/BA), foi encerrado com um pronunciamento do governador Jaques Wagner, em frente ao prédio onde funciona a Governadoria.

A ação teve como objetivo, negociar com o Governo do Estado questões relativas à reforma agrária e combate à pobreza rural, segurança pública, saúde, educação e infraestrutura no campo, fortalecimento e consolidação da agricultura familiar, além de meio ambiente e recursos hídricos.

O presidente da Fetag-BA, Cláudio Bastos, enumerou as conquistas da classe desde que começaram as negociações com o Governo do Estado. “Nós avançamos com o início da recuperação da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) e, nessa discussão da regularização fundiária, temos o compromisso da entrega de 15 mil títulos ainda este ano. Estamos conversando com a Secretaria da Agricultura, que também planeja entregar anualmente 50 mil títulos de terras, o que para nós é uma grande conquista”.

Diálogo 

Bastos considera fundamental “a abertura para o diálogo permanente, porque nós vamos, coletivamente – Governo do Estado, Fetag e trabalhadores -, tratando das políticas públicas para ajudar a promover o desenvolvimento”. Segundo ele, o encontro este ano foi positivo e a ampliação da assistência técnica é essencial.

Dentre alguns os compromissos firmados a partir da pauta apresentada no dia 25 de junho, estão doação de kits de mecanização agrícola, construção de casas de farinha e beneficiamentos de frutas e produtos agropecuários, instalação de sistemas de irrigação, construção de barragens subterrâneas, inseminação de matrizes bovinas e curso de capacitação sobre inseminação artificial para caprinos e ovinos, segurança alimentar e nutricional, conclusão da elaboração das Diretrizes Estaduais de Educação do Campo e do Diagnóstico das Escolas, continuidade ao processo de formação de leitura dos alunos formados pelo Programa Todos pela Alfabetização (Topa), dentre outras.

“Agora, no dia a dia, vamos tratar com os órgãos de governo para que a agricultura familiar – que hoje produz 70% da segurança alimentar do nosso país, é responsável por 37% das exportações do estado e representa aproximadamente 700 mil famílias na Bahia – seja um setor capaz de construir um país cada vez mais sem fome, sem pobreza e com inclusão social”, disse Bastos.

Agricultura familiar 

O governador afirmou que a Bahia é o estado com o maior número de famílias vivendo da agricultura familiar. “Daí, a minha preocupação com essa área, que sustenta três milhões de pessoas querendo continuar vivendo na zona rural, mas precisam de condições dignas para isso”. Wagner enumerou as prioridades para a classe, citando a habitação rural, os programas Água para Todos e Luz para Todos, as estradas vicinais, o apoio à comercialização, e a extensão rural, para que os trabalhadores tenham acesso ao financiamento.

“Eu acho que deste jeito a gente transformará a agricultura familiar, conferindo competitividade e produtividade igualada a outras formas de produção. Para atender parte destas reivindicações, nós acabamos de lançar o Plano Safra 2011/2012, em parceria com o governo federal, a presidenta Dilma lançou o programa Brasil Sem Miséria, que tem como foco exatamente a questão da agricultura familiar e da segurança alimentar. Essa, hoje, é uma luta no mundo”, enfatizou Jaques Wagner.

Organização é fundamental para conquistas da agricultura familiar

Para o secretário das Relações Institucionais, Cezar Lisboa, quanto mais o trabalhador estiver organizado no campo, melhor será para a agricultura familiar porque há muitas questões de produção e comercialização que não podem ser tratadas individualmente e precisam ser trabalhadas com o mínimo de organização social. “Estas entidades representam essa organização e nos permitem fazer este trabalho com mais efetividade. Os resultados serão bem melhores para a produção no campo e a qualidade de vida do trabalhador rural”.

Lisboa disse também que o Governo do Estado tem um compromisso com a agricultura familiar, com o homem do campo. Por isso, tem trabalhado para fazer uma integração maior das várias regiões do interior, sobretudo o semiárido. “Temos tratado com todos os movimentos. Já conversamos com o Movimento dos Sem Terra (MST), com o Movimento dos Trabalhadores Assentados, Acampados e Quilombolas da Bahia (Ceta), com a Pastoral Rural e com o Movimento de Resistência Camponesa (MRC), estamos construindo um fórum continuado, onde a cada mês nos reunimos para ajustar, melhorar e monitorar as ações”.