Mais de uma centena de propostas de políticas públicas foram construídas por mulheres de diversas regiões da Bahia durante a 3ª Conferência Estadual de Mulheres, encerrada na segunda-feira (14), em Salvador. A expectativa é que as ações sejam incorporadas ao planejamento do Governo do Estado para os próximos anos, com foco nas áreas de comunicação e cultura, saúde, educação, raça, autonomia e participação política, além de combate à violência. Este foi o maior debate do tipo já realizado na Bahia, envolvendo, ao todo, três mil mulheres baianas.

O evento foi marcado pela boa representatividade, reunindo segmentos do poder público e da sociedade civil organizada. Daniele Costa, da União Brasileira de Mulheres (UBM), defendeu iniciativas mais enérgicas que reduzam os altos índices de agressão praticada contra as mulheres, uma das temáticas mais tratadas no encontro. “O problema da violência não é somente de dentro de casa, mas uma questão do Estado”, disse, destacando que a cada 15 segundos uma mulher é agredida no país.

Já a secretária de Políticas para as Mulheres, Vera Lúcia Barbosa, disse que o debate realizado significou o resultado de diálogos e lutas cotidianas do segmento feminino. “Devemos celebrar muitas conquistas, mas temos muita luta pela frente. Somos a maioria entre os mais pobres do país”.

O governador Jaques Wagner destacou a importância da promoção da igualdade racial e de gênero, afirmando que para isso, é preciso criar condições favoráveis com relação aos recursos públicos. “Orçamento é o reflexo das prioridades dos governos”, enfatizou, citando os investimentos do governo estadual para ações como Rede Cegonha, realização de mamografias e outras iniciativas voltadas à saúde integral da mulher.

A professora Rita Sena, do município de Itabuna, viajou sete horas para contribuir com as discussões. “Entendo que precisamos levar temáticas, como gênero e autonomia financeira das mulheres, para debate no ambiente da educação formal”, sugeriu, citando também demandas como instalação de creches para as mães que ainda estão em fase de formação escolar.

As camponesas comemoram

Presentes na conferência, trabalhadoras rurais comemoraram o Termo de Cooperação firmado entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Governo do Estado, que beneficiará camponesas de diversas regiões da Bahia. O objetivo é executar ações destinadas à promoção da cidadania, por meio da inclusão produtiva e combate à violência.

Assentadas da reforma agrária, quilombolas, indígenas fazem parte do público atendido pela iniciativa. “O trabalho é direcionado a 26 territórios de identidade. Além de solucionar problemas de documentação das mulheres, apoiará na elaboração de projetos de assistência técnica rural”, informou a secretária Vera Lúcia Barbosa. Também estão previstos serviços como abrigamento às vítimas de violência e reforço aos equipamentos policiais.

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, disse que aumentar a renda das mulheres é primordial para reduzir os índices de agressão praticada contra o segmento. “A autonomia econômica contribui para o combate à violência”. Ele destacou a prioridade do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que já destina 40% de suas ações de distribuição direta e formação de estoque para organizações dirigidas por mulheres.