Um novo sistema de criação para o tatu-peba foi elaborado de forma sistemática e participativa entre a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola e os índios da etnia Pankararé. A principal abordagem para sua elaboração foi o estabelecimento do diálogo entre o conhecimento dos indígenas e a zootecnia. O Programa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) Indígena da Bahia, uma parceria com o Ministério do Desenvolvimento (MDA), atende, atualmente, 13 etnias em 16 municípios, promovendo e incentivando ações de pesquisa e assistência técnica.

Com o projeto Manejo de Animais Silvestres no Território Indígena Pankararé, a EBDA, através da coordenação de Pesquisa e do Núcleo de Etnodesenvolvimento, tem trabalhado para a consolidação dos criatórios de emas e cutias e implantação de quatro unidades de manejo de tatu-peba. “A ideia é que as técnicas desenvolvidas pelos Pankararé sejam difundidas para as demais etnias do Território de Identidade Itaparica”, disse a coordenadora de Pesquisa, Marina Castro.

A etnia Pankararé, que fica no Raso da Catarina, Nordeste da Bahia, possui uma espécie de economia natural, aberta, cuja subsistência depende dos intercâmbios ecológicos com a natureza, pois os recursos naturais são a base material do seu processo produtivo. A criação de animais silvestres – emas, cutias, abelhas sem ferrão e abelha com ferrão – passou a integrar essa realidade e é realizada de forma participativa, unindo o conhecimento local, com suas técnicas tradicionais, as tecnologias externas, visando à elaboração de sistemas locais sustentáveis e integrados de criação destes animais.

Interação entre pesquisa e Ater marca ações da EBDA

Técnicos, pesquisadores e colaboradores da empresa desenvolvem, coletivamente, a interação entre pesquisa e Ater que tem marcado as ações da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) em áreas habitadas por povos indígenas na Bahia. São atendidas famílias indígenas pertencentes às etnias Pankaru, Tuxá, Atikum, Truká, Pankararé, Xucuru, Kantaruré, Kiriri, Pataxó e Pataxó Hã Hã Hãe.

O desenvolvimento dessas ações tem consolidado o Núcleo de Etnodesenvolvimento, com sede no Centro de Treinamento (CTN), da EBDA, em Salvador, que é apoiado pelo Programa Pacto Federativo, desenvolvido pela empresa. “O intuito é o conhecimento sobre a realidade dos sistemas agrícolas e não agrícolas dessas comunidades e a valorização dos modos de fazer desses povos, preservando a cultura local e promovendo o etnodesenvolvimento”, explicou a técnica rural responsável pelo Núcleo, Lilane Sampaio.

Segundo a técnica, o núcleo iniciou, em 2010, a execução de atividades de registro etnográfico do patrimônio cultural dessas comunidades, envolvendo seus ofícios e modos de fazer, celebrações, formas de expressão, lugares e edificações. “Este sistema é uma inovação, visto que o criatório desenvolvido é pioneiro no Brasil”, complementou.