A TVE Bahia realiza, da próxima segunda-feira (13) ao dia 22 deste mês, a ‘Semana Roberto Pires’, em homenagem ao cineasta baiano pioneiro em longa-metragens no estado. A emissora vai exibir, sempre às 23h30, sete filmes do autor – ‘Redenção’ (13), ‘A Grande Feira’ (14), ‘Tocaia no Asfalto’ (15), ‘Máscara de Traição’ (16), ‘Abrigo Nuclear’ (20), ‘Césio 137’ (21) e ‘Os Filmes que eu Não Fiz’ (22).

Considerado um profundo conhecedor da linguagem cinematográfica, que trafegou entre gêneros com absoluto domínio de técnica e de estilo, e um artesão dedicado a filmar com requinte e condições cenográficas planejadas para estúdio e locações arrojadas, Roberto Pires deu ao cinema nacional o primeiro sucesso made in Bahia, com a ‘A Grande Feira’.

Para o diretor-geral do Instituto de Radiodifusão do Estado da Bahia (Irdeb), o também cineasta José Araripe Jr., a curadoria da mostra de filmes “é um luxo que toda emissora brasileira gostaria de realizar. É por meio das cópias novas dos filmes que a TVE realiza a ‘Semana Roberto Pires’. É com imensa honra que trazemos às telas da nossa emissora pública um legado da nossa cinematografia, agora ao alcance de todos”.

Segundo ele, “é hora das novas gerações conhecerem este criativo e inovador cineasta, que não apenas fez filmes culturais, de ação, mas inventou lentes revolucionarias nos anos 50, e aqui mesmo na Bahia realizou uma obra de ficção científica”. Araripe considera o Roberto Pires um fabulador de filmes de ação e aventura, um cronista de seu tempo. “Seus filmes emanam baianidade em temas e locações, em linguajar e imaginário, em conflitos que perpassam as classes sociais, sempre sinalizando para a sociedade em transformação”.

Cineasta

Quando começou a trabalhar com cinema, Roberto Pires fez parte de um grupo de jovens artistas, no qual Glauber Rocha também estava presente. A admiração pelo talento de Roberto era tamanha, que Glauber afirmou que “se o cinema na Bahia não existisse, Roberto Pires o teria inventado”.

Os filmes de Roberto envolvem ação e aventura, mas também falam sobre a Bahia e suas peculiaridades culturais. Foi por meio de seus filmes, que uma geração de atores baianos alçou voos maiores participando dos principais movimentos locais e nacionais, do cinema e do teatro.

O cineasta faleceu em 2001, aos 67 anos, deixando o legado de 13 filmes dirigidos e quatro longas produzidos. Sua importância para o Cinema Novo vai muito além do fato de ter sido pioneiro em longa-metragem na Bahia, ter colocado em prática o “fazer cinema” em um lugar que a cinematografia não era tradição, mudando a forma como as pessoas da década de 50 viam o cinema.