Estudantes da rede estadual de Vila Canária participam de palestra com temática antirracista e não sexista no Julho das Pretas
Foto: Mateus Pereira/GOVBA

‘Sim à diversidade e não às desigualdades! Por uma educação não sexista e antirracista’. Este foi o tema da palestra ministrada pela professora escritora e vice-diretora do Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Bárbara Carine, para estudantes do Colégio Estadual Vila Canária, em Salvador, na tarde desta sexta-feira (29). A atividade fez parte da 6ª edição do Projeto Fala Menina, que integra a programação do Julho das Pretas, promovido pela Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) em parceria com as Secretarias de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) e da Educação (SEC). 

O objetivo da iniciativa é apresentar mulheres negras inspiradoras para outras mulheres negras e este ano as estudantes foram o público-alvo. O Colégio Estadual de Vila Canária foi inaugurado no final do mês de junho pelo Estado da Bahia e passou a oferecer estrutura completa para ensino em tempo integral e profissionalizante, além de possibilitar atividades extras.

A escola abriga estudantes oriundos de duas escolas estaduais da região, o Colégio Estadual de Pau da Lima e o Colégio Estadual Filadélfia, em Vila Canária. Agora, a unidade possui cerca de 1.500 alunos matriculados, com acesso a salas de aulas estruturadas, laboratórios, quadras poliesportivas e piscina. “Que seja uma forma desses alunos terem outras possibilidades e recursos”, afirmou a coordenadora.

Foto: Mateus Pereira/GOVBA

Novas possibilidades

“É muito importante debater temas tão urgentes da nossa sociedade, que é estruturalmente racista e machista e que essas opressões se sobrepõem no cotidiano da constituição da mulher, principalmente, da mulher periférica. A minha finalidade hoje aqui com a juventude é dizer siga, siga olhando para o seu passado. Não para o passado que outros disseram para vocês, mas o passado que de fato a nossa ancestralidade reserva em termos de memórias positivas para nós, e daí, construa no futuro, coletivamente, uma comunidade nova”, declarou Bárbara Carine.

Para Maria Clara Mesquita, de 15 anos, estudante do 1º ano do Ensino Médio, a experiência na nova escola tem sido positiva, pois as atividades ocupam o tempo e distraem. “É importante ter palestras educacionais, que ensinem, porque aqui tem uma diversidade de pessoas e a gente tem que aprender a lidar com isso. Tem pessoas trans, pessoas negras. Temos que valorizar isso porque tem muita gente querendo estar aqui no nosso lugar”, disse a jovem.

Referência

O Julho das Pretas é uma referência ao mês em que são realizadas atividades que buscam reforçar a luta histórica de mulheres negras no enfrentamento ao racismo, à misoginia e ao sexismo. Há 20 anos, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu o dia 25 de Julho como o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, após a realização do 1º Encontro de Mulheres Negras em Santo Domingo, na República Dominicana. No Brasil, comemora-se na mesma data o Dia Nacional de Tereza de Benguela, um símbolo da resistência e da luta de negros e indígenas. Ao liderar o Quilombo de Quariterê, no Mato Grosso, Tereza de Benguela comandou uma comunidade de mais de 100 pessoas que resistiu à escravidão por quase 20 anos.

Repórter: Lina Magalí