Foto: Divulgação/Bahia Sem Fome

Um modelo de ensino está fazendo a diferença nas zonas rurais do estado, estimulando jovens estudantes a produzir alimentos orgânicos e disseminar em suas comunidades a importância da alimentação saudável. Trata-se da Pedagogia da Alternância, que consiste numa reestruturação do ensino no campo, através da qual os estudantes permanecem 15 dias na escola e outros 15 dias desenvolvendo tarefas práticas em casa ou em suas comunidades.

Egresso da Escola Família Agrícola (EFA) de Sobradinho, o coordenador do Programa Bahia Sem Fome, Tiago Pereira, participou neste sábado (16) da cerimônia de formatura de 14 estudantes, 11 homens e três mulheres, na Escola Família Agrícola Padre André, em Correntina, município localizado a 917 quilômetros de Salvador. “Em minha vida, já visitei essa escola várias vezes, numa delas como conselheiro estadual de educação, durante o processo de reconhecimento do curso. Mas dessa vez, trago um recado do governador. Ele disse que, enquanto ele estiver governador, o seu compromisso com as Escolas Família Agrícolas só aumenta”, informou Pereira, para alegria das famílias dos estudantes presentes na cerimônia.

De acordo com o diretor da EFA de Correntina, Genival de Souza, que está na escola desde sua implantação, em 1994, foram vários os períodos difíceis que a escola atravessou, mas atualmente a EFA vive o seu melhor momento. “Há um trabalho voltado para o fortalecimento dos laços entre as famílias e esses jovens têm o compromisso de desenvolver a agroecologia em suas comunidades”, diz Genival, informando que a EFA conta hoje com 84 alunos, mas serão matriculados mais 90 estudantes em 2024.

A professora e monitora Nilde Nascimento Silva, que há sete anos vive na EFA com os estudantes, implantando componentes curriculares, como produção agropecuária, ecologia, inserção rural e química, diz que é encantador despertar nos jovens essa vocação social, ecológica e política, para além do conteúdo curricular.

“Essa é a oitava turma do ensino médio. No início, a EFA trabalhava apenas o ensino fundamental, mas desde 2012 foi implantado o Ensino Médio. Os estudantes saem da EFA com capacidade para montar seus próprios negócios, alguns vão para a Secretaria de Agricultura, Banco do Nordeste, ocupando espaços diversos nos meios rurais”, explica destacando que as turmas tinham apenas 35 alunos, mas para 2024 a perspectiva é de que sejam formadas outras turmas.

Formados como técnicos em agropecuária, os estudantes adquirem conhecimentos em áreas como apicultura, avicultura, além do sistema Agroflorestal (em que aprendem a produzir plantações dos mais diversos tipos). Oradora da oitava turma, Maria Heloísa Alecrim Magalhães, 18 anos, entrou na EFA em 2020, antes da pandemia. “O que falam de uma EFA, quando não se conhece uma, é que é muito difícil, que a gente não tem liberdade, que vamos ficar presas na escola. Mas para mim a EFA foi um amor à primeira vista. Eu vim pra cá e me encantei com as pessoas, principalmente uma professora engenheira agrônoma que tinha força e capacidade de tomar conta de uma roça”, relata. “Na EFA, eu fui estimulada a pensar e a questionar tudo. Se eu não tivesse vindo pra cá eu não seria 40 por cento do que sou hoje”, festeja, dizendo que, durante a realização de seu estágio obrigatório, falou sobre a EFA para estudantes de uma escola convencional onde havia estudado e que muitos decidiram se matricular na EFA em 2024.

Outro formando, Israel da Silva, 21 anos, diz que aquilo que mais o encorajou na EFA foi o fato de viver na escola como em uma família. “Aprendi a ver a sociedade e o mundo a partir de uma visão mais holística, como um todo, e não centrada em algo isolado e egoísta. Pude ver como a humanidade se comporta e essa visão me faz ser hoje um ser humano muito melhor. Meu plano é continuar no campo, contribuindo com a minha comunidade”.

Fonte: Ascom/BSF