A programação de espetáculos, mostras e exposições articulada pelo Governo da Bahia para o período de realização do encontro de chefes de Estado e de governo de países da América Latina e do Caribe – que movimentará Salvador e Costa do Sauípe até o dia quinta-feira (18) – vai celebrar a diversidade cultural da Bahia, do Brasil e dos países do continente latino-americano e do Caribe.

O ponto alto da programação será o espetáculo musical Canto Geral – Um Concerto para a América Latina, que acontecerá no Teatro Castro Alves, em Salvador, na noite de quarta-feira (17).

Na platéia estarão chefes de Estado dos países reunidos na Cúpula da América Latina e Caribe (Calç) e autoridades locais. O espetáculo contará com a participação de renomados artistas da Venezuela (Cecília Todd), Peru (Suzana Baca), Argentina (Mercedes Sosa) e da Bahia (Carlinhos Brown e Orquestra Juvenil Dois de Julho – Projeto Neojibá).

Radicado no Brasil há mais de 20 anos e com uma passagem de 12 anos por Salvador, o percussionista e produtor argentino Ramiro Musotto também participará do show.

No dia 16, duas orquestras formadas por jovens músicos se apresentarão em Costa do Sauípe, por iniciativa do Governo da Bahia – o Neojibá, de Salvador, e a Orquestra Criança Cidadã dos Meninos do Coque, de Recife.

O Neojibá (Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia) é um projeto inspirado no Fesnojiv (Sistema Nacional das Orquestras e Coros Juvenis e Infantis) da Venezuela, com o propósito de tornar a prática orquestral uma atividade fundamental na construção da cidadania e na formação ética e cultural de crianças e jovens.

O projeto existe desde 1975, contando com 350 mil crianças e 180 núcleos. Jovens de Salvador foram estudar na Venezuela e trouxeram a metodologia usada lá para ensinar os novos músicos da Bahia.

O primeiro núcleo do Neojibá na Bahia já conta com 110 jovens, além da Orquestra Sinfônica Juvenil Dois de Julho. Já a Orquestra Meninos do Coque, que se apresenta com 100 integrantes no palco, visa inserir socialmente crianças e adolescentes por meio da música, com vistas à profissionalização.

A integração cultural com os países vizinhos será simbolizada ainda por dois eventos que trazem a Salvador uma mostra cinematográfica dedicada à produção audiovisual argentina e, pela primeira vez, uma apresentação dos dançarinos argentinos da Companhia de Dança Aérea Brenda Angiel.

Cinema e dança da argentina

A Mostra de Cinema Argentino, que ocorre desta sexta a quinta-feira (12 a 18), na Sala Walter da Silveira (Barris), conta com filmes de ficção, curtas-metragens, animações e documentários, compondo um panorama da cinematografia argentina atual.

Complementam o ciclo, um programa especial de filmes produzidos na província de Tucumán (norte da Argentina) e uma homenagem ao cineasta Gerardo Vallejo, um dos grandes nomes do cinema latino-americano e o mais ilustre artista tucumano, morto em 2007. A mostra é resultado de uma parceria entre a Secretaria da Cultura do Estado da Bahia e o Ente Cultural de Tucumán.

A Companhia de Dança Aérea Brenda Angiel, criada em 1991, em Buenos Aires, apresenta o espetáculo “Air condition”, que combina música ao vivo, vídeo, efeitos visuais e dança, com bailarinos suspensos no ar.

A companhia reinventa gêneros como o tango, o hip-hop e a dança moderna, ao som de uma trilha sonora escrita especialmente para o espetáculo. Serão duas apresentações no Teatro Castro Alves, em Salvador (neste sábado às 21h, e no domingo, às 20h).

Música afro-baiana

A presença africana na cidade de Salvador, traço cultural mais marcante numa cidade conhecida pela maioria negra de sua população (80%), contará com um conjunto de espetáculos de dança e música e de exposições de artes visuais.

A Orkestra Rumpilezz, grupo de percussão e sopro cujas composições e arranjos são concebidos a partir dos ritmos da percussão afro-brasileira e da linguagem internacional do jazz, fará apresentações gratuitas nesta sexta-feira (12), às 18h, na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (Pelourinho), e na terça (16), às 21h, na Praça Tereza Batista (Pelourinho).
O internacionalmente famoso Bloco Afro Olodum, fundado em 1979, realiza o tradicional ensaio aberto no domingo (14), às 19h, no Largo Pedro Archanjo, com suas composições autorais de batidas percussivas e samba-reggae. Também famoso internacionalmente, o bloco afro Ilê-Ayê, criado em 1974, fará um show especial na segunda-feira (15), às 19h, no Largo do Pelourinho.

Já o Balé Folclórico da Bahia, que este ano completa 20 anos de existência, se apresenta todos os dias (exceto terças e domingos), às 20h, no Teatro Miguel Santana (Pelourinho).

O grupo desenvolve uma linguagem cênica que parte da cultura popular baiana e atinge a contemporaneidade. A companhia apresenta um significativo currículo de atividades, com prêmios e turnês nacionais e internacionais e apresentações em países como Alemanha, França, Estados Unidos, Canadá, Suíça, Portugal, Finlândia, Suécia e Dinamarca, entre outros.

Arte afro-baiana

Três exposições estarão abertas ao público no período da Cúpula da América Latina e do Caribe, sendo que duas contemplam a importância da influência africana na formação da sociedade e do imaginário baiano e brasileiro.

As máscaras e esculturas da exposição "Sete Áfricas", em cartaz a partir desta sexta, no Solar Ferrão (Pelourinho), representam a grande diversidade de materiais, técnicas e estilos identificados na produção artística do continente africano, com obras provenientes do Golfo do Benim, Benim e Nigéria, República dos Camarões, Centro-Sul da África, Akan de Gana, Costa do Marfim/Libéria, Savana/Sahel, Guiné e Guiné-Bissau.

A exposição reúne 90 das 1076 peças que foram colecionadas pelo industrial italiano Claudio Masella ao longo de 35 anos e doadas ao Governo da Bahia, em 2004. A abertura da exposição acontece nesta sexta, às 19h, com a apresentação cênica "Akokos e Agogôs", de Emília Biancard, e com o grupo performático Vozes Reveladas.

O Museu de Arte da Bahia, criado em 1918 e instalado num belíssimo palácio no Corredor da Vitória, expõe “Oferendas”, mostra de cerâmicas da artista Caroline Harari inspirados nas oferendas da Festa de Oxalá.

Em obras como bilhas, potes ânforas e gamelas, recriando-as em outros tipos de argila, técnicas e cores, ela dialoga com a festa da divindade afro-brasileira associada à criação do mundo e da espécie humana.

A exposição será complementada por algumas obras dos artistas Carybé (apelido do argentino Hector Julio Páride Bernabó, radicado na Bahia a partir de 1950) e Pierre Verger (francês, radicado na Bahia a partir de 1946), considerando que esses dois artistas registraram nas suas diferentes linguagens – o desenho e a fotografia – as festas sagradas da Bahia.

Comemorando o Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, a exposição ”Abraços na Arte: Brasil /Japão” fica em cartaz até 1º de março, no Palacete das Artes, com o objetivo de mostrar como a cultura japonesa influenciou a pintura e a escultura na arte brasileira e, por outro lado, como os costumes, as cores e luzes do Brasil influenciaram os artistas imigrantes japoneses e seus descendentes.

Com curadoria dos artistas plásticos Yugo Mabe e Roberto Okinaka, participam da mostra três gerações de artistas plásticos da colônia nipo-brasileira.