A aquicultura e a pesca na Bahia estão crescendo em ritmo superior à média do país. Os dados do setor foram apresentados pelo presidente da Bahia Pesca, Isaac Albagli, à ministra da Pesca e Aquicultura, Ideli Salvatti, nesta terça-feira (4), na primeira audiência externa da nova ministra.

“Entre 2006 e 2009 a produção de pescado no estado cresceu 57% e atingiu 120 mil toneladas. Contribuíram para isto a aquicultura continental, que aumentou 150%, e a pesca extrativa marinha, que cresceu 82%”, afirmou o presidente da Bahia Pesca, Isaac Albagli. Segundo ele, houve também um expressivo aumento na capacidade de produção de alevinos, superando os 400%. Só a Estação de Caiçara, na cidade de Paulo Afonso, pode produzir 15 milhões de alevinos. A quantidade de famílias atendidas pelo Programa de Peixamento de Aguadas Públicas também cresceu, beneficiando 53 mil famílias.

Água salgada
Parte dos peixes produzidos nas estações está sendo usada no programa ‘Peixe-Poço’, que utiliza as águas salobras de poços artesianos. Graças a uma nova tecnologia utilizada pela Bahia Pesca, pescadores do sertão baiano estão produzindo peixes de água salgada, em meio ao solo seco e árido da região.

“A tecnologia de dessalinização é utilizada para a obtenção de água doce dos poços artesianos. O problema é que, ao realizar o processo, metade da água se tornava potável, mas a outra metade tinha o dobro de concentração de sal. Agora os pescadores do sertão baiano podem ter, com o material de um único poço, água doce e um criadouro de peixes de água salgada”, explica o diretor técnico da Bahia Pesca, Marcos Rocha.

Terminais pesqueiros 
O crescimento da produção pesqueira colocou a Bahia na terceira colocação no ranking nacional de produção de pescado. “Nosso objetivo é atingir o volume de 140 mil toneladas de pescado”, conta Albagli. Para tanto, uma série de ações começou a ser implementada em 2010, com destaque para a capacitação dos pescadores, construção de terminais pesqueiros e criação de peixes nas águas salobras do sertão.

Kit marisqueira 
A Bahia Pesca está construindo também os primeiros terminais pesqueiros do estado, em Ilhéus e Salvador, que vão beneficiar cerca de 30 mil pescadores artesanais. “Ampliaremos ainda o Profrota, programa do governo federal que disponibiliza crédito para construção, aquisição e modernização de embarcações”, diz Albagli.

Outro estímulo à pesca vem do Programa de Subvenção ao Preço do Óleo Diesel para Embarcações Pesqueiras, que já atendeu quase dois mil pescadores. O benefício é oferecido pelo Governo do Estado por meio de subsídios como a isenção do ICMS, e pelo Governo Federal que ressarce até 25% do valor pago.

Com o objetivo de beneficiar os produtos da mariscagem e possibilitar melhorias nas condições de higiene e trabalho das marisqueiras, a Bahia Pesca distribuiu um ‘kit’ nas comunidades pesqueiras da Baía de Todos-os-Santos, compostos por uma bancada com pia e outra para catação, um eco-fogão, jogo de panelas e escorredor, além de material de proteção ao corpo dos profissionais que começa a ser distribuído neste mês de janeiro.

Criação de algas
Partes da Baía de Todos-os-Santos se tornaram verdadeiras fazendas de uma planta abundante em suas águas, que são as macroalgas marinhas, produzidas por 60 marisqueiras das localidades de Manguinhos e Misericórdia, que foram capacitadas para beneficiamento da matéria prima. Elas estão transformando as plantas em sabonetes, mousses e outras guloseimas. A atividade faz parte do Projeto de Cultivo de Macroalgas Marinhas, realizado pela Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), através da Bahia Pesca, com o apoio do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Funcep).

A Bahia Pesca, em parceria com o Ministério da Pesca e da Aquicultura, criou o Plano Local de Desenvolvimento da Maricultura, conjunto de estudos e serviços necessários ao planejamento e ordenamento da maricultura. Através dele as comunidades pesqueiras poderão utilizar as águas da União para obter renda com a atividade.