Representantes da sociedade civil organizada, instituições de ensino, movimentos sociais e poder público estarão reunidos até sexta-feira (31), das 8h30 às 18 horas, no Núcleo de Estudos Avançado em Meio Ambiente (Neama), Monte Serrat, para construir estratégias de implementação da educação ambiental nos 26 territórios do estado. A idéia é compartilhar as ações ambientais de forma articulada e colaborativa.
O jovem Daílson Andrade, 20 anos, viajou 250 quilômetros até Salvador para participar da oficina. Membro do Conselho de Desenvolvimento Rural do município de Tucano, Andrade busca alternativas sustentáveis para mais de 50 mil habitantes da região. “Esse diálogo é fundamental na formulação de projetos ambientais que funcionem efetivamente”, disse.
De acordo com a diretora de Educação Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado (Semarh), Tita Vieira, a política será construída em conjunto com a Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental (Ciea), que é formada por secretarias estaduais e órgãos federais como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
Hoje (27), no primeiro dia da oficina, os participantes discutiram os desafios e estratégias de educação ambiental na gestão integrada das bacias e no saneamento ambiental. Na oportunidade, o engenheiro sanitarista ambiental e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Luis Moraes, ministrou uma palestra sobre as leis de saneamento e as dificuldades enfrentadas nos bairros carentes de Salvador. “A educação ambiental deve ser realizada com a participação consciente, organizada e democrática da população”, destacou Moraes.
O assessor especial da Semarh, Juracy Marques, abordou a dimensão dos impactos ambientais na bacia do Rio São Francisco e na destruição dos parques arqueológicos da região. Segundo ele, devemos priorizar a educação ambiental que valorize os contextos sócio-ambientais e os saberes tradicionais. “Algumas pessoas não têm o conhecimento acadêmico, mas conhecem como ninguém as riquezas tradicionais e históricas do seu território como os índios, pescadores, agricultores e curandeiros“, opinou o assessor, que enxerga nesses “agentes sociais” instrumentos diferenciados de educação ambiental.

Abertura

A abertura da oficina aconteceu no domingo (26) à noite, no Memorial Milton Santos, localizado no Forte Nossa Senhora do Monte Serrat, com a palestra do professor Antonio Saja. O filósofo abordou a mitologia grega, com ênfase no contraponto entre os deuses Apollo e Dioniso, para definir a importância em equilibrar ações e comportamentos.
Durante o evento, o secretário Juliano Matos defendeu a recomposição de conceitos e certezas, a fim de reconstruir a Educação Ambiental no Estado. “Não é possível reeducar somente pelo caminho racional, sem levar em conta a sensibilidade”, afirmou ao considerar a arte como instrumento fundamental aos experimentos sobre novas formas de pensar e agir do ser humano. “A educação ambiental deve se constituir em performances, criando novos contextos de transmissão de idéias”, propôs.