Acostumado a realizar manobras perigosas nos shows da Esquadrilha da Fumaça, o major Emerson Braga, 35, que completou o tempo máximo de quatro anos na famosa esquadrilha da Força Aérea Brasileira (FAB), diz que só sente aquele friozinho na barriga quando imagina que está deixando de ser piloto do grupo, um sentimento difícil de ser compreendidosentação  pela maioria das cercas de 2,5 mil pessoas que, segundo estimativas da Polícia Militar, assistiram na tarde de hoje (24), a apresentação do grupo no Farol da Barra, em Salvador.

Enquanto os pilotos faziam seu show no ar, prendendo por cerca de uma hora e meia a atenção do público que se formou no Farol da Barra, no solo o sentimento geral das pessoas que assistiam era de apreensão e admiração pelo risco enfrentado por eles. “Achei muito bonito e fiquei impressionada com a precisão das manobras realizadas por eles, mas confesso que jamais teria coragem de me arriscar tanto”, afirmou a funcionária pública federal Ivana Freitas.

Mesmo sendo o show da esquadrilha brasileira considerado como um dos mais seguros do mundo, sem quase registrar acidentes (o último caso com vítima fatal ocorreu há dez anos, mas durante um treinamento do grupo), o Governo do Estado montou um forte esquema de segurança com o Corpo de Bombeiros e policiamento especial da Polícia Militar na área de apresentação, além do apoio da Casa Militar.

“É sempre bom poder contar com esse apoio, mas posso dizer que hoje me sinto mais seguro em um avião da esquadrilha do que em um carro no trânsito”, revelou o major Braga.

Os pilotos da Esquadrilha da Fumaça abriram a apresentação de número 3.141 escrevendo o nome da Bahia no céu do Farol da Barra. “Essa foi a forma que encontramos para retribuir o carinho e a alegria com que somos sempre recebidos pelos baianos”, assinalou o piloto.

O show realizado hoje em Salvador – cidade em que o grupo havia se apresentado pela última vez no ano passado – completa o ciclo Norte\Nordeste comemorativo aos 55 anos de formação da Esquadrilha da Fumaça. Na Bahia, além da capital, os pilotos se apresentaram em Guanambi, na última sexta-feira.

“Teve uma hora em que os aviões cruzaram certinho e formaram um coração para Salvador”, lembrou a garota Andressa Oliveira, de oito anos, mostrando-se encantada com o show patrocinado pelo pilotos da FAB.

A Esquadrilha da Fumaça foi fundada em 14 de maio de 1952, com o nome oficial de Esquadrão de Demonstração Aérea. Formados pela Academia da Força Aérea Brasileira, os pilotos que integram o grupamento especial da FAB passam por um período de um ano de especialização e mais outro no esquadrão de vôo, de onde saem preparados para serem instrutores da academia. A cada ano a FAB oferece duas vagas na Esquadrilha da Fumaça.

Após serem escolhidos por um conselho de pilotos da esquadrilha, os candidatos selecionados só podem integrar o grupamento por um período máximo de quatro anos. No total, são 11 pilotos que se revezam nas apresentações realizadas no máximo com sete aviões do tipo Tucano, fabricados pela Embraer, que atingem velocidade máxima de 525 quilômetros por hora.

Os pilotos da Esquadrilha da Fumaça têm levado seus shows por todo o Brasil e diversos outros países. Algumas das manobras desenvolvidas por eles são únicas no mundo e chegam a causar admiração a colegas de outros países. O grau de perfeição e profissionalismo do grupamento brasileiro é destacado pelo tenente Marcones, da assessoria de Comunicação do comando da Aeronáutica na Bahia. “Nossos pilotos estão entre os melhores do mundo”, orgulha-se o tenente.