Um instrumento alternativo e barato, denominado tubo passivo, produzido apenas com embalagem de filme fotográfico e filtros específicos, umedecidos com reagentes químicos, vai medir a concentração de dióxido de nitrogênio (NO2) no ar, em dez pontos dos circuitos do Carnaval de Salvador.
Com o método, a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) vai ampliar a capacidade de monitoramento do ar durante a Folia. A inovação também reduz o custo com a aquisição de equipamentos convencionais, utilizados em pesquisas desse porte.
“A Organização Mundial de Saúde (OMS) incentiva o uso de métodos alternativos como o tubo passivo, porque as estações de monitoramento são, muitas vezes, inviáveis financeiramente”, explicou Nelzair Vianna, bioquímica e coordenadora da pesquisa.
“O importante é cruzar os dados colhidos para que subsidiem estudos epidemiológicos. A idéia é confrontar os resultados e identificar possíveis prejuízos à saúde pulmonar e ao meio ambiente, causados pelos metais pesados e outras substâncias encontradas”, lembrou Juliano Matos, secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos.
Os equipamentos já foram instalados em 10 postos da Emtursa, junto às bromélias ‘barba-de-velho’ (Tillandsia Usneoides), que detectam a presença de metais pesados, em quantidades capazes de afetar a saúde humana. Os pontos de detecção estão em Ondina, próximo ao Clube Espanhol, Farol da Barra, Corredor da Vitória, Campo Grande, Casa D’Itália, Piedade, Castro Alves, Praça Municipal e Pelourinho.
Além das bromélias, o nefelômetro também será utilizado na operação desse ano. O aparelho mecânico foi cedido pelo Laboratório de Poluição Atmosférica da USP, unidade responsável pela a monitoração contínua de concentração de material particulado (poeira em suspensão) na cidade de São Paulo. O nefelômetro detecta partículas capazes de penetrar no trato respiratório humano.
Na primeira edição da pesquisa, em 2007, foi detectada maior incidência de poluição nas concentrações dos trios elétricos, como o Campo Grande e o Farol da Barra. O nível de partículas poluentes do ar nesses locais chega a 600 microgramas por metro cúbico, em apenas uma hora. De acordo com a OMS, uma exposição segura é de 20 microgramas por metro cúbico, no período de 24 horas.
A pesquisa é uma parceria da Semarh com os dois principais departamentos de pesquisa ambiental do país na área de poluição atmosférica, das universidades federais de São Paulo (USP) e do Rio de Janeiro (UFRJ).