Estilo musical que nasceu na Jamaica e que ganhou enorme popularidade na Bahia, o reggae entra em cena no Carnaval de Salvador com o desfile de blocos que atraem uma multidão de apaixonados. Tocado em sua versão original, o roots, ou fazendo junção com o samba, numa mistura de ritmos afro-brasileiros que ficou consagrada como samba-reggae, o gênero tem lugar certo nos três circuitos da festa.

Um dos blocos mais concorridos pelos amantes do reggae é o Coração Rastafari. Sem cordas, o desfile passa pelo circuito Osmar (Campo Grande), quinta, sexta e sábado, após as 21h, animado pelo cantor Lazzo Matumbi, que cantará sucessos como Pele de ébano e Me abraça e me beija, entre outros. Grupos como Ska Reggae, Banana Reggae, Reggae o Bloco são outros dos destaques do gênero.

Através do Programa Carnaval Ouro Negro, a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult) está apoiando financeiramente o desfile dessas entidades. Veja a programação completa dos blocos de reggae e afro no site www.carnaval.ba.gov.br.

“É necessário fortalecer a presença do reggae no Carnaval de Salvador porque sua musicalidade reflete a relação Jamaica-Bahia e simboliza toda a Diáspora africana”, observa o fundador da União dos Blocos de Reggae e presidente do Reggae O Bloco, Albino Apolinário.

Reggae, o Bloco desfila com 500 associados no sábado (2), a partir das 22h40, saindo da Rua Chile em direção ao Campo Grande. A atração é a banda Anastácia Roots, que receberá convidados ao longo do percurso.
Fundado em 1998, o Banana Reggae é o único representante do gênero a desfilar no Circuito Dodô (Barra-Ondina -terça-feira, às 23h). Antes disso, banda Ragga, que puxa o bloco, leva a mistura dos diversos ritmos do gênero para a avenida, saindo no domingo (3), do Corredor da Vitória, às 22h.

O bloco terá como convidado uma atração internacional, a banda sueca King Fire. “Durante o Carnaval não dá para ficarmos presos ao roots, mais raiz e mais lento. Carnaval é pra frente, por isso a banda Ragga traz um pouco de dance hall, que é um estilo mais contemporâneo e o ragamofe, que faz uma conexão com o hip hop, bem ao gosto da galera que curte o reggae no Carnaval”, explica Tume Nery, que além de presidente do bloco é vocalista e baixista da banda Ragga.

Os blocos afro que integram o Carnaval Ouro Negro também destacam a importância do ritmo jamaicano. Grupos de matriz africana como Olodum, Muzenza e Malê Debalê são importantes representantes do gênero consagrado como samba-reggae, criado na década de 80 por Neguinho do Samba, então mestre da banda do Olodum.

O espaço do reggae na folia momesca vem sendo conquistado, em grande parte, graças à resistência desses blocos. “O Malê Debalê foi o primeiro a lançar o reggae no Carnaval. Então, para nós, é muito significante estarmos valorizando esta conquista, até pela empatia que a comunidade negra tem pelo reggae”, afirma Miguel Arcanjo, vice-presidente do Malê Debalê, fundado em 1979, em Itapoã.

Outro afro que tem uma trajetória marcada pela valorização do estilo é o Muzenza. Fundado em 1981 no bairro da Liberdade, foi um dos primeiros a introduzir a batida jamaicana no Carnaval.