Estado campeão em alfabetização, a Bahia é referência nacional. Lançado em 2007, o programa Todos pela Alfabetização (Topa) já beneficiou 500 mil pessoas. Com a intenção de consolidar o processo de aprendizagem, o governo, por meio da Secretaria da Educação (SEC), em parceria com o Ministério da Educação (MEC), está distribuindo 30 mil livros para esses alfabetizados.

A ação, que integra o projeto Leitura para Todos e que objetiva o hábito da leitura nos jovens, adultos e idosos egressos do Topa, foi marcada pela entrega simbólica de obras literárias dos mais diversos gêneros e linguagens pelo governador Jaques Wagner e o secretário estadual da Educação, Oswaldo Barreto, nesta terça-feira (29), na sede dos Correios, na Pituba.

“O Topa foi lançado quando percebi que mais de dois milhões de baianos acima de 15 anos não sabiam ler nem escrever. Lembrei, quando menino, de uma placa que dizia: quem não lê, não fala, não ouve e não vê. O livro é uma ferramenta que possibilita conhecer outros mundos. Estamos abrindo a primeira porta de um ciclo virtuoso de aprendizagem e construindo uma rede de amigos da leitura”, disse o governador. Ele afirmou que através do Topa surgiu o programa Saúde em Movimento, para atender alunos com dificuldade de aprendizagem por conta de problemas na visão.

O governo da Bahia começou no fim de semana a distribuição dos livros, que estão sendo enviados pelos Correios para as casas dos alfabetizados do Topa. Nessa primeira etapa, serão contemplados os alfabetizados de 60 municípios, mas a meta é atender a todos os alfabetizados pelo programa no estado.

Cada alfabetizado do Topa receberá em sua casa um livro da coleção do Ministério da Educação, juntamente com uma carta-resposta, com postagem paga, onde devem ser escritas suas impressões sobre o conteúdo lido, enviando para a Secretaria da Educação. A coleção do MEC, resultado de um concurso nacional de 2005, é composta por dez livros – de poesia, conto, crônica, novela, peça teatral tradição oral e biografia.

Continuidade da escolarização
A coordenadora do Topa, Elenir Alves, ressaltou a preocupação do governo com a continuidade da escolarização. “O Leitura para Todos é mais uma ação do programa. O objetivo é incentivar a leitura. Cada aluno vai receber um exemplar da coleção com autores brasileiros. A intenção é atingir os 460 mil alunos alfabetizados”, explicou.

Ela falou da importância de alimentar o hábito da leitura e do compromisso de distribuir durante um ano obras literárias de diversos gêneros. “Uma equipe da PUC Rio vem avaliar a aplicação dessa coleção. Primeiramente, vai receber uma biografia, pois trabalha a questão da identidade desse aluno, e em seguida serão encaminhados poesias, crônicas, teatro e novelas”, observou.

Para o diretor regional dos Correios, Jackson Jaques, a parceria se deve pela capilaridade da empresa. “Podemos estar em todos os municípios do estado. Temos um efetivo voltado para vários contratos, e isso facilita que a gente leve a todas as famílias do programa o projeto Leitura para Todos. O carteiro se torna um agente multiplicador, na medida em que ele vai fazer a entrega e incentivar essas pessoas a responderem o formulário da Secretaria da Educação”, declarou.

Distribuição dos exemplares
“Quando a SEC receber a correspondência, enviará um novo exemplar e, assim, sucessivamente. Esse programa foi concebido para fortalecer o processo de alfabetização, de aprendizagem. A nossa intenção é manter esses alunos interessados na leitura, porque o programa envolve uma carta-resposta, onde o aluno faz suas impressões sobre o livro. Ao recebermos essa carta, o documento passa a ser uma senha para que a gente realimente o processo. Todo aluno que responder se tornará fidelizado”, destacou Barreto.

O secretário informou que estudos estão sendo realizados para formulação de um programa para jovens e adultos que não esteja necessariamente situado em escolas. “Um programa que vá ao encontro do aluno no seu ambiente de trabalho, na sua casa e crie novas formas de aprendizagem, de aprofundamento do conhecimento”, apontou.

Leitura para todos
Dona Raimunda Teixeira, 72 anos, moradora de Simões Filho, contou que antes de aprender a ler, quando ia pegar o ônibus, “entrava por ver os outros entrarem”. Hoje, como mesmo diz, já consegue ler a placa. “A pessoa que não sabe ler é como cego sem guia, porque vê e não enxerga. A partir do Topa consegui me comunicar mais com meus irmãos e filhos. Eles escrevem e eu já consigo ler as cartas”, festeja.

“Graças a Deus, já aprendi a ler e a escrever meu nome, e sei entrar e sair dos lugares. Achava que não devia mais estudar, pois não aprendi quando era jovem. Venci o medo soletrando”, comemora Laurinda Sousa, 68 anos, que tem como meta ler corrido “e ler toda a Bíblia”.

De sorriso largo, Maria Cunha disse que aprender a assinar seu nome foi uma realização. “Nunca achei oportunidade. Fazia tudo de qualquer jeito. Meu filho e meus netos me dão muita força pra continuar”, afirmou.

Publicada às 11h
Atualizada às 15h10