No Dia Internacional da Alfabetização, celebrado neste domingo (8), a Bahia tem o que comemorar com os resultados obtidos por meio do programa Todos pela Alfabetização (Topa). Nos últimos cinco anos, o Estado conseguiu reduzir cerca de 30% o índice de analfabetismo baiano (2007-2011), de acordo com os dados do Pnad-IBGE. Ao todo, mais de 1,1 milhão de baianos já foram alfabetizados pelo programa, que, em agosto, certificou mais 147 mil e, atualmente, conta com mais 185 mil pessoas em sala de aula, na sexta etapa.

“O Dia da Alfabetização é um momento de muita alegria para todos nós, que trabalhamos com o Topa. Em 2007, o Governo do Estado estipulou a meta de um milhão de alfabetizados. É uma alegria muito grande saber que já ultrapassamos esse número e continuamos alfabetizando aquelas pessoas que, na sua infância e juventude, tiveram negado o direito de aprender”, disse o secretário da Educação, Osvaldo Barreto.

O agricultor Jonas Soares de Santana, 64 anos, é um exemplo de como o Topa pode transformar a vida de baianos de todas as idades. Morador do Encontro do Satiro, zona rural que fica a 13 quilômetros do município de Inhambupe, ele aprendeu a ler e a escrever com o programa. “Foi no Topa que conheci as letras, aprendi a fazer contas e a chance de conhecer tudo com mais clareza”.

Órfão de mãe aos 9 anos, Jonas teve que trabalhar cedo para sobreviver com o pai. “Queria estudar. Minha avó dizia que quem não sabe ler e escrever é como um cego que anda sem saber o lugar que pisa. Sem segurança, cai e morre”, diz o agricultor.

Redirecionando caminhos

O Topa assegura a inclusão educacional dos baianos que não tiveram acesso à alfabetização na idade certa, incluindo povos indígenas, quilombolas, ciganos, pessoas com deficiência e população carcerária, como é o caso do casal Valdemiro Cortezini, 24, e Kênia Geiza Teobaldo, 29, do município de Guanambi. Eles se conheceram durante as aulas na Casa de Custódia de Guanambi e, desde então, suas vidas mudaram.

Hoje, casados, continuam os estudos por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Nunca tinha gostado de estudar. Meus pais me matriculavam na escola e eu não ia. Depois do Topa, comecei a gosta de estudar. Quando vai chegando o horário da escola, eu já fico doido para ir pra aula”, afirma Valdemiro.

Já Kênia comemora não só a alfabetização, como a inserção no mercado do trabalho. “Hoje eu sei me comunicar direito, conversar. Trabalho em casa de família e convivo com pessoas estudadas. Agora, já sei ler os rótulos dos produtos de limpeza”.

Topa oferece oportunidades para os deficientes visuais

Já no município de Jeremoabo, a 380 quilômetros de Salvador, o estudante de pedagogia José Batista, primeiro alfabetizador deficiente visual do Topa, tem a missão de alfabetizar os primeiros estudantes deficientes visuais do programa. Para garantir a aprendizagem, o Governo do Estado adquiriu o reglete, uma variação do aparelho de escrita utilizado por Louis Braille, além do papel especial com gramatura diferente do normal e do material didático específico, em Braille.

“Assim como eu tive a oportunidade de receber uma formação em braille, quero que as pessoas cegas que moram aqui, e que estavam completamente leigas, também aprendam”, afirma José Batista, que também preside a Associação de Cegos do Semiárido Baiano.

Sexta etapa

Criado em 2007, dentro do programa Brasil Alfabetizado, do governo federal, o Topa trabalha sob a perspectiva de que a alfabetização é um direito que não prescreve com a idade. O Topa é desenvolvido em parceria, atualmente, com 588 entidades do movimento social e sindical, em 407 municípios. A iniciativa está, atualmente, na sexta etapa, com 185 mil pessoas em sala de aula. Destas, 66% estão localizadas na zona rural e 55% são do sexo feminino.